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É Desporto

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10 de Setembro, 2016

Zahra Nemati. Dos Olímpicos aos Paralímpicos no espaço de um mês

Rui Pedro Silva

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Iraniana era cinturão negro no taekwondo e tinha o sonho de chegar aos Jogos Olímpicos. Depois de ter ficado paralisada durante o terramoto de Bam, em 2003, dedicou-se ao tiro com arco e o sucesso foi imediato. No Rio de Janeiro, cumpriu o objetivo de aliar a participação nos Paralímpicos aos Olímpicos.

 

Terramoto mudou-lhe os planos

 

Irão, 26 de dezembro de 2003. O terramoto de Bam atinge os 6,6 na escala de Richter e provoca pelo menos 26 mil mortos e 30 mil feridos. Entre os sobreviventes, está Zahra Nemati, uma adolescente de 18 anos que tem o sonho de chegar aos Jogos Olímpicos.

 

A iraniana praticava taekwondo e era cinturão negro, mas a catástrofe natural alterou-lhe os planos de forma drástica. Paralisada da cintura para baixo, foi obrigada a procurar uma alternativa para satisfazer a vontade de continuar a praticar desporto.

 

«Como não consigo usar as pernas, acho que o tiro com arco é uma modalidade que se adapta muito bem a mim», admite.

 

O processo foi demorado. Nos dois anos seguintes ao terramoto, Nemati preocupou-se exclusivamente em recuperar. Depois, quando se focou na modalidade, o sucesso foi imediato e seis meses depois de ter começado foi terceira nos campeonatos nacionais de tiro com arco.

 

Motivação forte

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«Adoro este desporto e é isso que me dá motivação», explica a atleta que está a fazer história em 2016. Ao terminar o Campeonato Asiático na segunda posição, garantiu uma vaga nos Jogos Olímpicos.

 

No Rio de Janeiro, não foi além da primeira ronda, mas escreveu o seu nome na história. Por estar nos Jogos Olímpicos em cadeira de rodas e por ter sido a primeira mulher iraniana a ser porta-estandarte.

 

Zahra Nemati está habituada ao protagonismo. Há quatro anos, em Londres, tornou-se também a primeira mulher iraniana a vencer uma medalha em Jogos, com o título paralímpico na prova individual. Uns dias depois, ajudou ainda a equipa a vencer a medalha de bronze na prova coletiva.

 

A iraniana será a 13.ª atleta a participar em Jogos Olímpicos e Paralímpicos e a primeira do tiro com arco a fazê-lo no mesmo ano desde a italiana Paola Fantato, em 1996.

 

Agradar à família

 

Nemati vai fazer o possível para voltar a vencer uma medalha para cumprir o objetivo de dedicar o título à família. «Quero conseguir o melhor resultado: fazer a minha família e as pessoas que me rodeiam felizes e deixá-los saber que estou bem e forte.»

 

Apesar de estar em cadeira de rodas, a atleta de 31 anos nunca apontou a paralisia como uma justificação para os resultados. Pelo contrário, garante que não poder usar as pernas não é um problema a competir.

 

RPS