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É Desporto

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13 de Dezembro, 2018

Tony Adams. Um antigo central de grandes ações

Rui Pedro Silva

Tony Adams numa das suas últimas épocas

Famoso pelo que fez nos relvados ao serviço do Arsenal e da seleção inglesa, chega em 2019 ao cargo de presidente da Rugby Football League. É o culminar do trabalho meritório da Sporting Chance Clinic, uma fundação de caridade criada pelo jogador em 2000 com o objetivo de auxiliar jogadores com problemas com álcool, droga e apostas. Desde 2011, mais de 400 jogadores da Rugby Football League beneficiaram deste trabalho.

 

Chegou ao Arsenal para o futebol de formação em 1980 e só se despediu da equipa em 2002. Durante 22 anos, conseguiu alcançar praticamente tudo o que havia para alcançar: venceu quatro vezes o campeonato inglês (duas já como Premier League), três vezes a Taça de Inglaterra e uma vez a Taça das Taças.

Um jovem Tony Adams

Numa era em que Arsène Wenger ainda não era muito mais do que um novato na equipa de Highbury, o central inglês era o símbolo máximo do Arsenal. Estreou-se em novembro de 1983 com 17 anos, passou a ser capitão logo em janeiro de 1988 e até ao jogo de despedida fez um impressionante total de 674 jogos pela equipa.

 

Tony Adams foi o pilar de muitas equipas do Arsenal. Hoje, dependendo da geração, se perguntarmos quem jogava com o eterno capitão, as respostas poderão ir desde o tradicional David Seaman, Lee Dixon, Nigel Winterburn, Steve Bould, Ray Parlour e Ian Wright aos mais modernos Patrick Vieira, Dennis Bergkamp e Marc Overmars. Há até quem diga que sem a perfeição da perna arqueada de Tony Adams, Portugal nunca teria dado a volta no jogo de estreia do Euro-2000.

Figo dá início à reviravolta

Com uma posição estável no clube de Londres, a vida de Tony Adams nunca foi simples. Durante anos, sobretudo até à chegada de Arsène Wenger, viveu sob a sombra da dependência do álcool, muitas vezes associada a episódios de violência em saídas noturnas. Uma vez, foi apanhado a conduzir sob o efeito do álcool e acabou condenado a quatro meses de prisão efetiva – cumpriu metade.

 

A influência de Wenger no seu comportamento foi também uma jornada de compreensão do mal que estaria a fazer à sua vida. Por isso, no último semestre de 2000, decidiu dar um passo em frente e criar uma fundação que servisse como clínica de reabilitação, aconselhamento e apoio para desportistas com problemas com álcool, droga e apostas.

 

«Vi muitos jogadores chegarem ao final das suas carreiras antes que fizessem alguma coisa em relação aos seus problemas. Quem me dera ter tido uma solução destas há dez anos», afirmou em 2000, ainda antes da inauguração da Sporting Chance Clinic.

 

«Muitos jogadores não querem dar a cara por causa do estigma associado ao vício e porque pensam que pode prejudicar as suas carreiras. Talvez os treinadores se sintam mais à vontade em ver os seus jogadores a recuperarem num centro como este.»

Tony Adams destaca-se pelo seu trabalho de beneficiência

Hoje, 18 anos depois, o trabalho da fundação é nacionalmente reconhecido e abriu a porta para que Tony Adams fosse nomeado o 29.º presidente da Rugby Football League (diferente da mais famosa Rugby Union). O antigo internacional inglês (66 jogos) vai suceder a Andy Burnham no verão de 2019 e o trabalho feito pela Sporting Chance foi fundamental neste desfecho.

 

«[Tony Adams] É um nome conhecido e respeitado no desporto e mais além, não apenas pela sua carreira brilhante com o Arsenal mas também pelo seu trabalho pioneiro com a Sporting Chance», justificou Brian Barwick, diretor-geral da Rugby Football League.

 

Barwick recordou que a Sporting Chance já ajudou mais de 400 jogadores desde que estabeleceu um protocolo com a Rugby Football League em 2011 e realçou que «o jogo reconheceu a importância da saúde mental, dos jogadores e de todos os outros envolvidos».

 

«A eleição do Tony é um passo importante neste trajeto», acrescentou.