Therese Johaug. O ouro olímpico como redenção
O tiro de partida do esquiatlo feminino (7,5 quilómetros em estilo clássico mais 7,5 quilómetros em estilo livre) demonstrou que Therese Johaug era uma mulher com uma missão: vencer o título olímpico.
A norueguesa não precisava de razões extra. Era a primeira final dos Jogos de Pequim, seria a primeira medalha que os órgãos de comunicação social iriam noticiar um pouco por todo o mundo. Neste tipo de eventos, em que existe sempre uma enxurrada de informação, há coisas que não escapam e a primeira medalha é uma delas.
Mas não era só esse tipo de história que Johaug corria atrás. Ou esquiava atrás. A escandinava queria também vencer a primeira medalha de ouro olímpica individual da sua carreira. Depois do título na estafeta dos 4x5 quilómetros em Vancouver-2010, não voltara a saborear o doce sabor do primeiro lugar, muito menos a nível individual.
Ainda em 2010, somou um sexto e um sétimo lugar. Em Sochi-2014, foi segunda na partida em massa dos 30 quilómetros e terceira nos 10 quilómetros, além da quarta posição no esquiatlo e do quinto na estafeta.
E depois… 2018. Seria de esperar que pudesse ser o evento para tirar todas as teimas, mas a atleta de 29 anos nem sequer viajou para a Coreia do Sul. Um ano e alguns meses antes, em outubro de 2016, testou positivo a um esteróide anabolizante chamado clostebol.
A suspensão de 18 meses impediu-a de participar na terceira edição consecutiva de Jogos Olímpicos e foi obrigada a esperar quatro anos. Em Mundiais, depois da suspensão, demonstrou que teria uma palavra a dizer: em Seefeld, na Áustria, há três anos, venceu três provas. No ano passado, em Oberstdorf, na Alemanha, outras três.
Não espantou, portanto, que aparecesse em Pequim como a maior candidata à vitória. E não desiludiu. Mesmo que não tenha estado sempre na frente, nunca deixou fugir a dianteira e no momento certo, logo após a transição para o estilo livre atacou e não mais voltou a olhar para trás.
Com a família a assistir em euforia na Noruega, Therese Johaug cruzou a meta com mais de 30 segundos de vantagem sobre a russa Natalia Nepryaeva. A redenção tinha sido alcançada. A norueguesa tinha voltado mais forte e, finalmente, subiria sozinha ao pódio.
«É um sonho concretizado. Ando a treinar para isto há muitos, muitos anos», afirmou a mulher que viu o avô construir pistas à porta de casa para que pudesse desenvolver a paixão pela modalidade.
«Treinei milhares de horas para isto e passei muito tempo longe de casa durante a minha carreira, por isso é fantástico alcançar este objetivo. Significa muito para mim, ainda não tinha uma medalha de ouro individual, estou muito feliz».