Rulon Gardner. O lutador que conseguiu o impossível
Lutador greco-romano dos Estados Unidos tinha 29 anos e uma experiência internacional quase nula mas subiu ao estrelato nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000. Foi o único capaz de derrotar, na final, o russo Aleksandr Karelin, tricampeão olímpico em título, e com 13 anos de supremacia desportiva intocável.
Aleksandr Karelin era um «pequeno monstro» de 130 quilos quando venceu a medalha de ouro nessa categoria nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. Tinha vinte anos, uma carreira imensa pela frente, e mostrou desde o primeiro momento que não tinha problemas em afastar adversário atrás de adversário sem permitir qualquer esperança.
O lutador nascido a 19 de setembro de 1967, em Novosibirsk, tornou-se uma figura incontornável da modalidade. Depois de subir ao lugar mais alto do pódio em 1988 com a bandeira da União Soviética, fez o mesmo, com a mesma facilidade, em Barcelona-1992 com a Equipa Unificada e em Atlanta-1996 com a Rússia.
Quando chegou a Sydney, em 2000, tinha acabado de fazer 33 anos mas prometia mais do mesmo - e conquistar uma quarta medalha de ouro consecutiva. Os combates em que participou até atingir a final indicavam isso mesmo: ultrapassou Sergei Mureiko, Mihaly Deak-Bardos, Georgiy Saldadze e Dmitry Debelka sem ceder um único ponto. Agora restava apenas um norte-americano semi-desconhecido.
Rulon Gardner, 29 anos, vinha de uma família com tradição de wrestling mas não tinha um cartão de visita muito rico, além do título mundial da categoria de 130 quilos em 2001, num evento em que Karelin não participou.
O favoritismo estava todo do lado russo mas o norte-americano aguentou-se e capitalizou quando foi preciso. Depois de Karelin cometer um erro, que lhe valeu um ponto de penalidade, Gardner passou para uma estratégia defensiva, anulando qualquer investida do rival e esperando que o relógio chegasse ao zero.
Foi o choque da modalidade. Karelin não permitia um ponto há seis anos e ali, por culpa de um erro próprio, tinha perdido a medalha de ouro para um zé-ninguém americano em que ninguém apostava.
A vitória em Sydney catapultou Gardner para a fama – afinal, era o homem que tinha conseguido derrotar Karelin –, mas os anos que se seguiram não foram grande recompensa. Em 2002 viu-se envolvido em vários acidentes graves que provocaram a amputação de um dedo do pé. Com uma peça a menos, o atleta manteve-se na luta e garantiu o passaporte para Atenas, em 2004.
Não era o mesmo, claro está, mas foi suficiente para vencer a medalha de bronze naquela que foi a sua última competição na luta greco-romana.