Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

É Desporto

É Desporto

26 de Julho, 2021

Romain Cannone. A «Dinamarca de 1992» nos Jogos Olímpicos

Rui Pedro Silva

Romain Cannone

É uma das histórias mais conhecidas do desporto mundial, mesmo para quem não é grande adepto de futebol. Em 1992, a seleção dinamarquesa marcou presença no Euro-1992 para ocupar a vaga deixada em aberto pela exclusão da Jugoslávia e surpreendeu o Velho Continente na Suécia com uma caminhada até ao título.

Agora, 29 anos depois, há um campeão olímpico na esgrima que tem uma aventura com algumas semelhanças. Falamos de Romain Cannone, o francês que subiu ao lugar mais alto do pódio na disciplina de espada após derrotar o húngaro Gergely Siklosi na final.

Não há outra forma de dizer as coisas: na véspera ninguém pensou que a final pudesse ser o lugar de Romain Cannone. A surpresa é grande mas ganha outra dimensão quando se percebe que há não muito tempo havia até quem achasse que o gaulês não deveria ter lugar nos Jogos Olímpicos.

O currículo de Cannone é, à falta de melhor palavra, escasso. Foi 30.º nos Mundiais de 2019 em Budapeste, 34.º nos Europeus do mesmo ano em Dusseldorf e está longe de ser uma potência até na própria esgrima francesa, que disputa com Itália e Hungria o domínio da modalidade.

A qualidade de Cannone era tão discutível que até há um mês nem sequer sabia que ia a Tóquio. A chamada para o Japão só chegou depois de se ter confirmado a suspensão de Daniel Jérent após o controlo antidoping positivo a um diurético relizado em novembro de 2020. E isto já depois de a presença de Jérent ter sido posta em causa após um acidente de automóvel em abril que provocou uma dupla fratura do fémur.

Voltando ao herói do dia, Cannone entrou em Tóquio como número 47 do ranking mundial e com um lado do quadro bastante temível. Mas, um a um, foi derrotando todos os adversários até à surpreendente medalha de ouro.

«Fiquei chocado e genuinamente feliz. Não sabia como celebrar. Senti-me apenas invadido por uma grande alegria e energia. Estava a viver o momento plenamente e com a sensação de ter feito algo bom pela minha equipa», disse após o título.

Não será uma vitória com figuras como Peter Schmeichel e Brian Laudrup ou com histórias com grande peso como a de Kim Vilfort, mas esta «Dinamarca de 1992» de Tóquio não se deverá importar muito. O universo foi conspirando até garantir que Cannone pudesse vencer a medalha de ouro na sua estreia em Jogos Olímpicos.