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É Desporto

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08 de Fevereiro, 2018

Príncipe Hubertus zu Hohenlohe-Langenburg. Da realeza alemã à federação de esqui do México

Rui Pedro Silva

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Fotógrafo, empresário, cantor, esquiador e príncipe. Hubertus zu Hohenlohe-Langenburg é tudo isso, e ainda fez história ao criar a Federação Mexicana de Esqui para poder competir internacionalmente. Estreou-se nas olimpíadas em Sarajevo-1984 e continuou até 2014. Se tivesse conseguido a qualificação para PyeongChang-2018, seria o atleta olímpico de inverno mais velho da história. 

 

Vontade real

 

Filho do Príncipe Alfonso zu Hohenlohe-Langenburg e da Princesa Virginia «Ira» zu Fürstenberg e descendente da família que reinou parte do nordeste alemão até ao século XIX, Hurbertus dificilmente seria associado ao México.

 

Criado na Europa, teve o primeiro contacto com o esqui, que depois o levaria ao estrelato olímpico, em Viena. Mas foi na Cidade do México, onde o pai dirigia uma fábrica da Volkswagen, que nasceu e passou os primeiros quatro anos da sua vida. É aí que começa a história de Hubertus zu Hohenlohe-Langenburg, esquiador mexicano e muitas vezes único representante do seu país nos Jogos de Inverno.

 

Foi em Viena que construiu a sua vida e e criou uma carreira enquanto fotógrafo e artista, e também onde treinou as suas habilidades no downhill e slalom. Mas o desejo da família de honrar a avó (metade mexicana) e ter um cidadão mexicano no seu seio fez com que Hubert pudesse representar o país e fosse, em 1981, o responsável pela criação da Federação Mexicana de Esqui.

 

Sabendo que não conseguiria um lugar entre a elite europeia de esquiadores, voltou ao seu país natal. «Cheguei ao México e disse 'Olá, sou o Hubertus e quero esquiar em Sarajevo'», explica. Nessa altura já tinha criado a federação que permitia que participasse em mundiais e outras provas internacionais, mas faltava a aprovação do Comité Olímpico nacional.

 

O sonho olímpico

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A cada nova edição dos Jogos Olímpicos de Inverno, o mundo procura avidamente os atletas improváveis, representantes da Jamaica, da Nigéria, do Tonga. Hubertus queria fazer parte desse lote, a que chama «os esquiadores exóticos». Em 1984 conseguiu: estreou-se em Sarajevo, no slalom, onde terminou num muito decente 26.º lugar, e no downhill, com a 41.ª posição. Afinal, tinha praticamente as mesmas condições que os esquiadores alpinos.

 

Em 1988, 1992 e 1994 fez também parte da comitiva mexicana nos Jogos Olímpicos de Inverno - por vezes foi ele próprio toda a comitiva mexicana - e depois, até 2006, não teve resultados relevantes. Nessa edição, com 47 anos, voltou a conseguir a qualificação olímpica, mas o Comité Olímpico Mexicano decidiu não enviar para Turim uma delegação de apenas um atleta.

 

Em 2010, no entanto, permitiu que Hubert voltasse a representar o México ao mais alto nível - e novamente o atleta/cantor/fotógrafo entrou no estádio olímpico sozinho. Aos 51 anos, o príncipe foi o atleta mais velho a competir em Vancouver, onde participou nas provas de slalom (78.º) e slalom gigante (46.º).

 

Esse foi também o ano em que decidiu projetar a sua imagem de esquiador exótico. Para isso, recorreu aos fatos. Em Vancouver foi "pistoleiro"; quatro anos depois, em Sochi, aos 55 anos, competiu num fato de mariachi.

 

Segundo Hubert, é cada vez mais difícil para as pequenas seleções manterem viva a tradição de ter atletas olímpicos, e com isso a diversidade das competições. «É uma ópera onde um par de pessoas canta e as outras estão só ali paradas», compara. «Nas corridas, o importante é a diversão e a criatividade. É isso que torna a vida picante.»

 

Por isso mesmo, continuou a competir e chegou a considerar a qualificação para PeyongChang. Se o tivesse conseguido, juntaria ao seu legado o de ser o atleta olímpico de inverno mais velho da história. Assim, é «apenas» o Príncipe Hubertus zu Hohenlohe-Langenburg, fotógrafo, empresário, cantor, estrela internacional e esquiador com uma carreira internacional de mais de três décadas.

SSM