Philip Baker. O medalhado que foi Prémio Nobel da Paz
Especial Jogos Olímpicos (Antuérpia-1920)
Foi medalha de prata na prova dos 1500 metros nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, em 1920, e o seu desempenho ficou famoso pela forma como ajudou o compatriota britânico, Albert Hill, a vencer. Mas foi a sua vida pós-olímpica que marcou a forma como é conhecido hoje em dia.
Albert Hill tinha 31 anos e vira a sua carreira desportiva ficar por um fio durante a Grande Guerra. Resistiu, sobreviveu e apareceu em Antuérpia dedicado a demonstrar que tinha talento e capacidade para escrever história olímpica. Começou por vencer os 800 metros e, numa distância maior, nos 1500, contou com a valiosa ajuda de Philip Baker.
Baker foi um fiel escudeiro. Era apenas um ano mais novo mas não se importou de servir de escudo nos ataques a Hill. Ajudou sempre que possível, acompanhou o ritmo e no final foi premiado com a medalha de prata, terminando a meio segundo de Hill e com sete décimas de segundo de vantagem sobre o norte-americano Lawrence Shields.
O segundo lugar foi o seu apogeu desportivo. Depois disso, atualizou o nome para Philip Noel-Baker – já tinha casado durante o conflito mundial - e começou a construir uma vida fundamental na evolução do século XX. Com uma educação formal cuidada e uma carreira académica, não precisou de muito tempo até entrar no mundo da política.
Numa primeira fase, após o fim da Grande Guerra, foi um dos responsáveis pela formação da Liga das Nações. Mais tarde, em 1929, foi eleito para o parlamento britânico, mantendo depois, entre 1936 e 1970, vários cargos nos gabinetes de maior importância de Londres, responsabilizando-se, curiosamente, pela organização dos Jogos Olímpicos de 1948.
O ponto mais alto chegou em 1959, novamente na sequência de uma guerra mundial. O trabalho que fez em prol do desarmamento nuclear multilateral foi reconhecido pela academia sueca e venceu o Prémio Nobel da Paz.
Philip Baker pode ter deixado a medalha de ouro para Albert Hill (será que teria conseguido vencer?), mas há algo que ninguém lhe conseguiu tirar tantos anos depois. O britânico, que morreu em 1982 com 92 anos, continua a ser a única figura da história a conseguir acumular uma medalha olímpica com um Prémio Nobel da Paz. Esta nem Bob Dylan conseguiu.