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É Desporto

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11 de Setembro, 2019

O envenenamento que prejudicou os All Blacks na África do Sul

Rui Pedro Silva

All Blacks depois da final

A Nova Zelândia era a principal favorita à conquista do título em 1995 mas os sul-africanos estavam dispostos a tudo para ganhar uma vantagem na final. As bebidas dos jogadores no hotel foram manipuladas e 20 dos 26 elementos acabaram com uma intoxicação alimentar em vésperas da histórica final.

O conto de fadas da África do Sul estava à distância de 80 minutos. De seleção impedida de participar em fases finais, por causa do apartheid, os Springboks tiveram a oportunidade única de organizar o Mundial para mostrar ao mundo que eram um país diferente e, surpreendentemente, estavam na final contra os temíveis All Blacks.

A população sentia o entusiasmo e os neozelandeses passaram de heróis que surpreendiam com o seu jogo e com a jovem estrela Jonah Lomu a vilões que representava o último obstáculo sul-africano para a glória.

«Os adeptos estavam a dar tudo e tivemos de viver com isso. Mas mesmo quando estávamos no hotel a almoçar havia mulheres lindíssimas que vinham ter connosco para dizer que os Springboks nos iam matar», recorda Sean Fitzpatrick, capitão dos All Blacks.

Energia do haka não deu para tudo

Os jogadores eram assediados na rua e às portas do hotel, havia cartazes intimidatórios um pouco por todo o lado e a meio da semana da final, a comitiva sentiu que era altura de garantir um descanso. «Sentimos que precisávamos de uma pausa desta loucura, por isso decidimos vir para o hotel depois do treino e almoçar numa sala privada.»

A iniciativa teve mau resultado. Na manhã seguinte a maior parte da equipa estava a vomitar e com diarreia e, quando o dia do jogo chegou, ainda havia cinco jogadores a sofrer. Jeff Wilson, por exemplo, teve de ser substituído ao intervalo por não conseguir aguentar o sofrimento.

A estatística não deixou margem para dúvidas: 20 dos 26 jogadores sofreram com algo que ingeriram naquele dia. Apesar dos problemas, os All Blacks chegaram a acordo para não revelar o que se estava a passar. «Não queria que a África do Sul soubesse que estávamos limitados. Foi a pior coisa que fiz», lamenta Laurie Mains, o selecionador.

O médico Mike Bowen reconhece que nenhum dos jogadores estava a 100% mas não havia grande coisa que pudesse ser feita. Em campo, a Nova Zelândia aguentou enquanto pôde mas acabou por ser relegada ao papel secundário na derrota no prolongamento (12-15).

Um ano mais tarde, Mains contratou um detetive privado para investigar o que se tinha passado naquela semana. O rasto foi dar a uma empregada, apelidada de «Susie», que foi trabalhar para o hotel dias antes da chegada dos All Blacks e que desapareceu sem deixar notícia no dia a seguir ao fenómeno. Os relatos garantem que terá sido ela a deitar uma erva especial «Indian Trick» no chá e no café dos jogadores naquela sala.