Nigéria-Canadá. O jogo do Mundial-1995 que quase ninguém quis ver
A FIFA considerou o Mundial de futebol feminino de 1995, organizado na Suécia, um sucesso. Era a primeira vez que a prova era disputada na Europa, depois da sessão inaugural na China, quatro anos antes, e os responsáveis decidiram definir uma meta de 100 mil espetadores. No final, no relatório técnico, elogiou-se o facto de esse valor ter sido ultrapassado em 10%.
O organismo mundial pode ter feito uma festa mas os números eram pouco ambiciosos, sobretudo numa prova em consolidação. Por outro lado, seria difícil ter uma noção concreta do que se podia esperar: o China-1991 tinha sido um fenómeno à parte e só o jogo de abertura e a final da competição tinham tido mais de 120 mil espetadores.
Em Estocolmo, a final entre a Alemanha e a Noruega não foi além dos 17 mil espetadores. E o jogo de abertura, que a Suécia perdeu surpreendentemente para o Brasil, viu 14500 pessoas passarem pelas portas do Estádio Olímpico de Helsingborg.
Foi precisamente em Helsingborg que Nigéria e Canadá se defrontaram na segunda jornada do grupo B. Não é preciso ser perito em contextualização para perceber que era um jogo que dificilmente atrairia muita gente. O futebol feminino na Nigéria era pouco mais do que uma curiosidade e não havia adeptos a seguirem com a equipa. No Canadá, o cenário até podia ser diferente mas a falta de tradição impedia grandes feitos. Além do mais, os pesos pesados do grupo eram a Noruega e a Inglaterra.
Aquele 8 de junho de 1995 entrou na história das fases finais. O Nigéria-Canadá, apesar de ter sido um jogo espetacular com seis golos, não mereceu mais do que a atenção de 250 espetadores. É, ainda hoje, o jogo na história dos Mundiais de futebol feminino com menor lotação. E é insensato pensar que algum dia essa marca possa ser batida.
Verdade seja dita, as 250 pessoas puderam assistir a um jogo emocionante e dificilmente deram o tempo por perdido. O Canadá, favorito, entrou melhor no encontro e esteve a vencer 2-0, antes de Nwadike fazer o primeiro golo da Nigéria aos 26 minutos. No início da segunda parte, Burtini bisou para o Canadá e fez o 3-1 mas as jogadoras africanas tinham uma palavra a dizer: reduziram por Avre aos 60’ e empataram por Okoroafor aos 77’.
O jogo ficou-se no 3-3. Se quisermos ser criativos, podemos dizer que o Nigéria-Canadá ofereceu um golo por cada 42 pessoas que quiseram ver o jogo. Infelizmente, foi uma partida na qual poucos tiveram interesse.