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É Desporto

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05 de Fevereiro, 2018

Nicolas Bochatay. O homem que morreu na manhã da prova

Rui Pedro Silva

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Suíço estava a aquecer antes da final de esqui de velocidade e saiu projetado contra um limpa-neves que estava imediatamente a seguir a uma pequena colina. Atleta de 27 anos, casado e com duas crianças, teve morte imediata. 

 

Uma prova de velocidade estonteante

 

Lembram-se de alguma vez terem visto uma prova de esqui de velocidades nos Jogos Olímpicos de Inverno? A não ser que tenham muito boa memória, e pelo menos uns 33 anos, a resposta será não. E não há mal algum nisso. Afinal, a modalidade esteve apenas na qualidade de demonstração nos Jogos Olímpicos de 1992, em Albertville.

 

As imagens eram espetaculares. Os atletas saíam do topo da pista Aiguille Rouge, situada a 2710 metros de altitude e percorriam 1740 metros, a uma inclinação média de 59%, até à meta, situada aos 2145 metros de altitude. Escusado será dizer que era uma prova perigosa, muito mesmo, e onde os atletas atingiam velocidades vertiginosas.

 

Os resultados homologados estão aí para prová-lo. Dos 45 atletas que fizeram parte da prova masculina, 30 registaram uma velocidade acima dos 200 quilómetros por hora. O mais lento, o australiano Leslie Herstik, não foi acima dos 183,299 quilómetros por hora, enquanto o campeão, o francês Michael Prufer, registou uns supersónicos 229,299 quilómetros por hora.

 

Ausência fatal

 

Participaram 45 atletas e Nicolas Bochatay, um suíço de 27 anos, casado e com dois filhos, foi um deles. Com uma velocidade alcançada superior a 210 quilómetros por hora, tinha conquistado o direito a participar na final com o 13.º melhor registo dois dias antes.

 

Naquele sábado, às nove e meia da manhã de 22 de fevereiro, Bochatay decidiu ir preparar-se para a prova com o compatriota Pierre-Yves Jorand. Os dois escolheram uma encosta perto da utilizada na final e estavam a descer a grande velocidade.

 

O que se seguiu foi trágico. Jorand escapou por pouco mas Bochatay embateu com estrondo, após um salto, num limpa-neves. O diretor médico da competição, Patrick Schamasch, anunciou que o atleta tinha morrido «por culpa de inúmeras lesões internas».

 

Os testemunhos divergiram. A organização da prova garantiu que o veículo estava parado atrás da pequena colina, com a sirene e as luzes de presença ligadas. Já a equipa suíça garantiu que não havia qualquer sirene ou luz ligada no momento do acidente.

 

O episódio trágico dos Jogos aconteceu na véspera da cerimónia de encerramento. Jorand não quis participar na final, tal como Roger Stump, outro suíço. Mas Silvano Meli, o quarto suíço entre os vinte finalistas fez questão de participar e terminou na nona posição.

 

Para a família Bochatay, os Jogos Olímpicos passaram a ter um significado trágico, 24 anos depois de a tia de Nicola, Fernande Bochatay, ter conquistado a medalha de bronze no slalom gigante em Grenoble-1968.

 

Nicola foi a terceira vítima mortal nos Jogos Olímpicos de Inverno, depois do britânico Kazimierz Kay-Skrzypeski (luge) e do australiano Ross Milne (esqui alpino) em Innsbruck-1964.

RPS