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É Desporto

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13 de Agosto, 2021

Neeraj Chopra. O dardo como amor à primeira vista

Rui Pedro Silva

Neeraj Chopra

«Na aldeia onde cresci ninguém fazia atletismo. O kabaddi e a luta eram os grandes desportos e durante uma grande fase da minha vida nem sequer soube o que era o lançamento do dardo.»

O texto de Neeraj Chopra, escrito na primeira pessoa e publicado na Spikes no início de junho de 2021, tornou-se o prefácio perfeito para contar a história do homem que garantiu um ouro inédito para a Índia no atletismo nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

A história começa a desenhar-se em 2011. Neeraj tinha 14 anos e teve o primeiro contacto com a modalidade que lhe ia mudar a vida, durante um treino numa outra província indiana. «A minha família tinha-me enviado para o estádio para poder correr e tornar-me ativo. Porquê? Porque tinha excesso de peso, do estilo de ser gozado pelos meus colegas na escola por causa disso. Isso afetou a minha confiança e só a consegui recuperar quando me tornei mais forte, mais em forma», começou por contar.

Foi precisamente nesse estádio que viu pela primeira vez alguém a praticar o lançamento do dardo. «Vi-os e quis imitar. Em dez dias já estava a lançar 40 ou 45 metros e diziam-me que tinha um talento natural. Mas nunca pensei que me pudesse tornar um atleta de elite mundial», reconheceu.

Com Jan Zelezny como ídolo, o checo que foi medalha de prata em Seul e campeão olímpico da especialidade em Barcelona, Atlanta e Sydney, Neeraj Chopra foi melhorando ano após ano. «Em 2016, competi nos Mundiais de sub-20 na Polónia e ganhei a medalha de ouro com um novo recorde mundial. Até então, ninguém na Índia sabia o que era o lançamento do dardo. Mas esse momento foi como uma faísca.»

A maior faísca surgiu mesmo no Japão. Até aos Jogos Olímpicos de Tóquio, a Índia tinha apenas nove campeões olímpicos: oito no hóquei em campo, numa prova coletiva, e um no tiro (Abhinav Bindra em Pequim-2008). Com Neeraj isso mudou.

Ficou longe do recorde mundial do seu ídolo (98,48 metros), mas os 87,58 metros foram mais do que suficientes para bater a concorrência de… dois compatriotas de Zelezny: Jakub Vadlejch e Vitezslav Vesely.