Mundial-2007. Mais do mesmo… em todos os sentidos
Foi organizado pela China, tal como em 1991, foi ganho pela Alemanha, tal como na edição anterior, e pela primeira (e única) vez na história não houve qualquer seleção a fazer a sua estreia. O número de espetadores total esteve muito perto de bater o recorde de 1999.
O Mundial-2007 foi a quinta edição da fase final de futebol feminino organizada pela FIFA. Foi também a quinta vez em que Portugal não participou. No grupo 2 da qualificação europeia, a seleção nacional somou oito derrotas em oito jogos e ficou no último lugar atrás de Suécia, Chéquia, Islândia e Bielorrússia. Marcou quatro golos e sofreu 31.
Portugal não participou porque não estava destinado… e continua a não estar. Mas naquele ano, porém, a fase final não foi para novos. Ao contrário de todas as edições até então, o China-2007 não teve qualquer estreante. Todas as 24 seleções em prova já tinham estado, pelo menos uma vez, nas semanas de todas as decisões. A maior parte, claro está, era presença assídua.
Os planos de ir jogar na China tinham saído gorados no Mundial-2003, quando um surto de pneumonia atípica obrigou a FIFA a encontrar uma solução a quatro meses do arranque da prova. Os EUA mostraram-se disponíveis para acolher o torneio e o país asiático foi premiado com a organização da fase final seguinte.
O sucesso foi praticamente uma constante mas os caprichos voltaram a prejudicar a China. Sem problemas de saúde, apareceram os problemas de meteorologia. A organização foi obrigada a reagendar alguns jogos em cima do joelho por culpa do tufão Wipha mas decidiu manter o encontro entre os Estados Unidos e a Nigéria em Xangai. O jogo foi disputado sob chuva torrencial e com condições pouco convidativas. A lotação oficial não deixa dúvidas: apenas 6100 pessoas nas bancadas.
O número é ainda mais impressionante quando se percebe que o China-2007 esteve muito próximo de bater o recorde de assistência de 1999, com 1,190 milhões de espetadores totais e uma média de 37218 por jogo. Oito anos antes, os Estados Unidos tinham tido valores de 1,214 milhões e 37944. Para se perceber a importância daqueles 6100 espetadores, basta verificar que todos os outros 31 jogos da fase final tiveram pelo menos 27 mil pessoas nas bancadas.
Sepp Blatter ficou satisfeito. «Os fãs que migraram para os cinco estádios deste Mundial estiveram perto de bater o recorde de 1999 e ajudaram a tornar esta fase final num festival de futebol que cativou as pessoas de todo o mundo, graças a uma cobertura televisiva num total de 200 países», disse o então presidente da FIFA, elogiando também a ausência de expulsões e de testes de doping positivos.
Uma novidade em 2007 foi a compensação financeira para as equipas participantes, desde 200 mil dólares para as que eram eliminadas na fase de grupos até um atrativo milhão de dólares para a futura campeã. O relatório técnico da FIFA realça que «com esta introdução, haveria motivos para acreditar que as equipas iriam alterar o seu comportamento para jogar com mais segurança e correndo menos riscos, o que implicaria um decréscimo no número de golos marcados», mas sublinha que nada mudou. Foram marcados 111 golos, mais quatro do que em 2003.
Num campeonato marcado pelo crescente equilíbrio, fruto da contínua aposta de federações e confederações no futebol feminino, a FIFA expressou também a importância que a criação dos Mundiais de sub-17 e sub-20 podia ter no encorajamento ao investimento no futebol feminino também nos escalões de formação.
Por outro lado, as goleadas continuaram a aparecer, com destaque para o 11-0 da Alemanha à Argentina na fase de grupos. As sul-americanas estavam a caminho de um recorde negativo que ainda perdura – seis derrotas em seis jogos em fase finais -, enquanto as germânicas partiam para a revalidação do título, algo que nenhum país tinha conseguido até então.
Os destaques individuais passaram muito pelo futebol alemão. Birgit Prinz, autora de um hat-trick à Argentina, terminou a prova com cinco golos e superou Michelle Akers na lista de melhores marcadoras em fases finais (14 vs. 12). Em sentido contrário, a guarda-redes Nadine Angerer fez toda a prova sem sofrer qualquer golo, sendo obrigada até a defender um penálti de Marta na final.