Max Parrot. Uma vida mudada pelo cancro
O ano de 2018 tinha tudo para ser o mais importante da vida de Max Parrot. E acabou por sê-lo, mas não pelas razões que o atleta canadiano julgava. Com 23 anos, quatro anos depois de se ter estreado nos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi com um quinto lugar no slopestyle (snowboard), Max acreditava que ia conseguir alcançar finalmente o olimpo.
Esteve perto. Muito perto. Terminou na segunda posição, conquistou uma muito saborosa medalha de prata e partiu para um ano que acreditava ser de sucesso. Mas se 2018 começou com uma prata na Coreia do Sul, terminou com a pior notícia que lhe podia ser dada: um cancro.
O diagnóstico de um linfoma de Hodgkin mudou-lhe a vida, como seria de esperar. Foi forçado a abdicar de todas as provas da temporada de 2018/2019 e submeteu-se a 12 tratamentos de quimioterapia até junho de 2019.
O regresso à competição teve um sabor fantástico. «Foi um momento muito especial do qual me vou lembrar para o resto da minha vida. Foi espetacular estar ao lado de tantos outros atletas que já não via há meses. E depois, claro, a cereja no topo do bolo foi ter conseguido ganhar uma medalha de ouro depois de todo o trabalho que fiz para recuperar os músculos e a resistência que tinha perdido durante os tratamentos», afirmou.
Max Parrot sofreu, não há dúvida. Mas, como garante o lugar-comum, voltou mais forte. Mais forte e diferente. Tão diferente que, segundo o próprio, não mudaria nada no que se passou. «Se tivesse a oportunidade de voltar atrás no tempo para não ter cancro e viver apenas uma vida normal, não aceitava. Pode parecer estranho, mas aprendi muito e hoje em dia sinto-me com sorte por ter acontecido o que aconteceu porque sei que hoje sou uma pessoa totalmente diferente».
«Adoro a pessoa na qual me tornei e que sei que serei no futuro», reiterou. Para Max Parrot, o cancro foi uma aprendizagem, foi um obstáculo difícil que superou e que, ao superá-lo, fê-lo crescer de uma forma que nem sabia ser possível.
Max Parrot deixou de se perder no meio da azáfama do quotidiano e começou a aproveitar cada momento de cada dia, mesmo quando a pandemia de Covid-19 interrompeu a competição e deixou os atletas sem nada para fazer. «Nunca pensei quanto tempo faltava para voltar ao ginásio. Estava a aproveitar dia após dia e ainda hoje o faço. Não há dúvida de que é bom olhar para o amanhã e pensar nos nossos objetivos mas é ainda mais importante viver o presente», continuou.
O futuro de Max Parrot tinha uma medalha de ouro à espera. Sem se deixar obcecar com os Jogos Olímpicos de Pequim, o canadiano chegou, viu e venceu. «Sei que ainda há muito para ser feito e quero continuar a forçar, mas há mais na vida. Depois dos jogos Olímpicos, quero dedicar-me mais às filmagens e talvez participar em menos eventos», anunciou ainda antes de viajar para a China.
Max Parrot é um homem diferente. Venceu o cancro, venceu o de ouro olímpico e, acima de tudo, venceu a melhor maneira de estar na vida. Feliz, sem pressa, a viver o presente e a aproveitar o que cada dia lhe dá. Haverá medalha melhor do que esta?