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É Desporto

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04 de Novembro, 2019

Matthias Sammer. O símbolo do passado e do futuro

Rui Pedro Silva

Sammer bisou contra a Bélgica na despedida da RDA

É visto como o melhor jogador de sempre a nascer na República Democrática da Alemanha. Campeão europeu de seleções em 1996, ano em que foi coroado com a Bola de Ouro, fez parte da equipa do Borussia Dortmund que conquistou a Liga dos Campeões em 1997. Antes, escreveu o seu nome na história dos seus países: marcou os últimos golos da RDA e tornou-se o primeiro jogador de leste a atuar pela Alemanha unificada.

O nome Matthias Sammer dispensa apresentações mesmo para quem só se lembra da segunda metade da sua carreira. Era um dos pilares fundamentais da Alemanha campeã europeia em 1996 e figura de proa no Borussia Dortmund. O cabelo louro aliado ao amarelo esverdeado berrante da camisola da equipa alemã ajudava-o a tornar-se o centro das atenções mas foi com inteira justiça que superou a concorrência de Ronaldo, por apenas um ponto, para conquistar a Bola de Ouro.

A história de Sammer é, ainda assim, muito mais do que isso. É também a história de um jogador com um apelido com tradição na República Democrática da Alemanha. O pai, Klaus, foi um nome incontornável: não só como jogador mas também como treinador. Matthias seguiu o seu destino e ganhou, sem grande surpresa, o rótulo de uma das maiores promessas do futebol alemão de leste.

O talento não lhe valia de muito. É celebre a história do dia em que os jogadores do Dínamo Dresden receberam chuteiras como oferta e todas serviam exceto as de Sammer. O número era igual para todos e o individualismo, num país como a RDA, não era valorizado.

Ainda assim, dentro de campo, Sammer correspondeu sempre. Ganhou a titularidade na equipa treinada pelo pai quando ainda era adolescente e ajudou o Dínamo Dresden a recuperar o título da Oberliga, perdido para o Dínamo Berlim durante dez temporadas consecutivas.

Na seleção principal da RDA, já depois de se ter sagrado campeão europeu de sub-18 em 1986 e vice-campeão mundial de juniores em 1987, manteve a toada de figura promissora. Estreou-se com 19 anos e fez o último jogo poucos dias depois de celebrar o 23.º aniversário, num total de 23 jogos.

Na despedida, que foi na verdade o último jogo da República Democrática da Alemanha enquanto seleção, fez questão de deixar, uma vez mais, uma imagem inesquecível. A história do jogo contra a Bélgica, disputado em Bruxelas a 12 de setembro, é atribulada.

O sorteio da UEFA, realizado em fevereiro de 1990, tinha ditado que as duas Alemanhas se iriam defrontar na fase de qualificação para o Euro-1992, juntamente com País de Gales, Bélgica e Luxemburgo. Depois, em agosto, o parlamento da RDA votou a reunificação com a RFA para outubro e deixou de fazer sentido haver duas seleções.

O jogo com a Bélgica, originalmente marcado como oficial, tornou-se uma celebração de despedida. Não contou para nada, a não ser para entrar para a estatística com 293.º e último jogo da seleção da RDA. Matthias Sammer foi o capitão e marcou os dois golos no triunfo por 2-0.

O mundo do futebol continuou sem abrandar e Matthias Sammer, juntamente com dezenas de talentos da RDA, tornou-se elegível para representar a nova Alemanha. Poucos meses depois, a 19 de dezembro de 1990, a seleção jogou um particular com a Suíça em Estugarda, a nova casa futebolística do jogador. Foi a oportunidade perfeita.

Matthias Sammer foi convocado e tornou-se o primeiro jogador nascido na RDA a jogar pela Alemanha unificada, ao ser titular no encontro. Curiosamente, nessa mesma noite, Andreas Thom foi suplente utilizado e entrou para a história ao marcar o primeiro golo de um jogador de leste pela seleção.