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É Desporto

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12 de Agosto, 2016

Marta Pen Freitas. Participar? Ela quer é competir

Rui Pedro Silva

Marta Pen Freitas

Morte do pai enquanto corria fê-la procurar outros ares. Nos Estados Unidos, é campeã universitária nos 1500 metros e a presença nos Jogos Olímpicos é ambiciosa: «Não vim cá para perder.» 

 

O dia em que tudo mudou

 

Houston Franks reparou em Marta Pen Freitas em 2013. O treinador de Cross Country da Universidade de Mississippi State reparou no talento da atleta do Benfica e convidou-a a atravessar o Atlântico. Ela rejeitou.

 

No ano seguinte, recebeu um telefonema inesperado. Era Marta. «Não sei se lembra de mim, mas eu quero uma mudança. Não estou em grande forma», disse a corredora portuguesa, de acordo com o técnico.

 

Havia uma razão para a mudança de ares. A 11 de janeiro de 2014, o pai tinha morrido. Marta Pen Freitas corria os 1500 metros do Campeonato Regional de Inverno de Lisboa, na pista Professor Moniz Pereira, e José Freitas não resistiu a uma insuficiência cardíaca.

 

Habituada a ver o pai em todas as provas que participava, Marta foi à procura de outra vida. Contactou Houston Franks, fez as malas, atravessou o Atlântico e mudou de ares em direção a Starkville.

 

Passaporte para o Rio

 

A evolução de Marta Pen Freitas foi meteórica. Depois de vencer os 1500 metros no campeonato universitário nos Estados Unidos, terminou os Europeus de Amesterdão na quinta posição.

 

Apesar de tudo, foi o apuramento para os Jogos Olímpicos que a deixou eufórica. «Nos primeiros dois dias, estava nas nuvens», relembrou Houston Franks. «Mas depois concentrou-se na ideia de que não queria apenas participar: ia lá para competir.»

 

«Toda a mentalidade dela é de competir nos Jogos Olímpicos, é o sonho dela. Não é participar apenas. Ela quer ir e chegar à final. A medalha é muito difícil, ela sabe isso, mas quer estar na discussão.»

 

Marta Pen Freitas confirma: «São os meus primeiros Jogos, mas ninguém vem cá para perder. Eu não vim cá para perder. Sou extremamente ambiciosa e vou encarar cada eliminatória como uma final, para pisar o máximo de vezes a pista olímpica.»

 

«Podia dizer que vinha à procura do meu recorde pessoal mas o que quero é a qualificação. Se vier o recorde pessoal ótimo. Estou na melhor forma da minha vida», acrescentou.

 

Orgulho lusitano

 

A presença nos Jogos Olímpicos vai permitir a Marta Pen Freitas representar Portugal no maior evento desportivo mundial. «Quando visto a camisola de Portugal, corro com os portugueses no peito, corro pelos portugueses, corro pela minha nação e tenho muito orgulho em poder representar o meu país nesta competição.»

 

E, como não podia deixar de ser, lembra-se do pai. «Recordo-me sempre dele e do quanto ele gostaria de me ver nos Jogos. Não queria que mais alguém da minha família abalasse sem ter essa alegria», admitiu.

 

Na Aldeia Olímpica, Pen Freitas sente-se entre os verdadeiros heróis do mundo. «Se houvesse super-heróis, estariam todos aqui. Os olímpicos representam os mais rápidos, os mais ágeis, os mais fortes nas suas disciplinas e mostram o quão longe pode ir a capacidade humana e que coisas extraordinárias pode fazer», analisou. 

RPS