Maria de Lurdes Mutola. A lenda do atletismo moçambicano
Era uma das maiores figuras dos 800 metros no atletismo e fez história nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Pela primeira vez em cinco participações, a bandeira de Moçambique foi hasteada. Depois do terceiro lugar nos Estados Unidos, Mutola melhorou ainda mais e fez soar o hino em Sydney-2000.
O currículo de Maria de Lurdes Mutola, nascida em Lourenço Marques (atual Maputo) a 27 de outubro de 1972, é impressionante. Especialista dos 800 metros, tem três títulos mundiais ao ar livre e sete em pista coberta num total de 14 medalhas distribuídas pelos dois eventos.
Mas foi nos Jogos Olímpicos, em Atlanta, que Mutola se tornou verdadeiramente uma lenda do atletismo – e do desporto – moçambicano. Quando chegou à Geórgia, já era uma figura da distância. Vencera o título mundial em Estugarda-1993, ao ar livre, e em Toronto-1993 e Barcelona-1995, em pista coberta.
A viver nos Estados Unidos desde 1988, onde começou a treinar com cada vez mais afinco, aproveitou essa inspiração para brilhar nos Jogos Olímpicos de 1996. Para Mutola, era a terceira participação: em Seul-1988 não passara das eliminatórias, enquanto em Barcelona-1992 tinha sido quinta nos 800 metros e nona nos 1500.
Atlanta foi a edição da especialização. Concentrou-se nos 800 metros e conquistou a tão desejada medalha. Não conseguiu bater a campeã russa, Svetlana Masterkova, nem a cubana Ana Fidelia Quirot, mas terminou na terceira posição, com uma décima de vantagem sobre a britânica Kelly Holmes.
Ali, naquele momento, Moçambique entrou em festa. Era uma medalha ansiada há muito e Mutola tinha finalmente confirmado as expetativas. Quatro anos depois, a euforia foi ainda maior. Aos 27 anos, e numa das melhores fases da sua carreira, cruzou a meta na primeira posição, com um máximo de temporada, e com praticamente meio segundo de vantagem sobre Stephanie Graf da Áustria.
Maria de Lurdes Mutola teve uma despedida amarga em Atenas-2004. Numa temporada com algumas lesões, esteve perto de revalidar o título olímpico e liderou até à última reta, fase em que foi ultrapassada por três adversárias, terminando numa ingrata quarta posição, a oito centésimos do pódio e a 13 da medalha de ouro.
As medalhas da oitocentista continuam a ser as únicas na história olímpica de Moçambique.