Lisa Adams. A glória do peso corre-lhe no sangue
A família Addams marcou gerações inteiras. Morticia, Gomez, Fester, Wednesday, Pugsley, Lurch ou simplesmente a Coisa (a pequena mão que se move de forma assustadoramente… coómica) fazem parte de um elenco que compõem a família Addams mais famosa do mundo, real ou ficcionado.
Mas também existe a família Adams. Tem menos um D. Não tem mãozinhas a palmilhar território, não é tão assustadora, vem da Nova Zelândia e prefere aterrorizar através do desporto do que da sua mansão sombria.
Steven Adams, jogador da NBA, talvez seja o mais famoso, mas Valeria Adams é claramente a que tem melhor currículo. Ainda recentemente, nos Jogos Olímpicos, conseguiu a quarta medalha olímpica da sua carreira no lançamento do peso, para mal dos pecados da portuguesa Auriol Dongmo.
Depois de ter sido campeã olímpica em Pequim-2008 e Londres-2012 e prata no Rio de Janeiro-2016, foi bronze em Tóquio com cinco centímetros de vantagem sobre a lançadora portuguesa.
Mas o impacto da família Adams não fica por aqui. Não são todos filhos da mesma mãe, mas há quase vinte (18) distribuídos um pouco por todo o mundo, sobretudo na Nova Zelândia. Há outros jogadores profissionais de basquetebol e, a partir desta semana, uma campeã paralímpica, Lisa Adams, no atletismo. Querem tentar adivinhar a categoria? Isso mesmo, no lançamento do peso.
Lisa é praticamente a cara chapada da irmã de Valerie e partilha o talento. Tem 30 anos e uma carreira bastante mais curta. Campeã do mundo no Dubai em 2017 com 14,80 metros, conseguiu levar o estatuto, ultrapassou a marca dos 15 metros e sagrou-se campeã olímpica em Tóquio, na final da prova, com 15,21 metros (ainda assim a 29 centímetros do seu recorde do mundo).
A neozelandesa que também vai competir no lançamento do disco sagrou-se campeã na categoria de F37, destinada a atletas com paralisia cerebral. A treinadora é, como não poderia deixar de ser, a irmã Valerie.
«Quando estamos numa competição, ela é acima de tudo a minha treinadora. Somos muito boas a distinguir a relação profissional da familiar. No centro de treinos, no ginásio, na base dos lançamentos ela é apenas a minha treinadora. O truque é não pensar demasiado nas coisas», contou.
Lisa Adams confessa que a relação pode causar alguma confusão a quem vê de fora, até porque é alguém que tem uma carreira recheada de medalhas, pódios, títulos, e reitera que não é isso que faz dela alguém com mais ou menos hipóteses de chegar longe. «No final do dia, sou eu que tenho de dar tudo até à última gota de suor. Tenho de dar tudo no campo».
Dar tudo compensou. Lisa Adams pode dizer que foi campeã paralímpica no ano em que a irmã não foi além da terceira posição. Pequenas competições entre irmãos nunca fizeram mal a ninguém.