Lakeisha Patterson. Combater bullying com gratidão
Nasceu a 5 de janeiro de 1999, é australiana e tem um cartão de visita paralímpico capaz de meter inveja a muita gente. No Rio de Janeiro em 2016, na sua estreia, saiu de lá com dois títulos olímpicos, três medalhas de prata e uma de bronze num total de oito provas disputadas.
O sucesso de Lakeisha foi meteórico e o primeiro dia de Tóquio-2020 parece ter demonstrado mais do mesmo com a medalha de ouro na final dos 400 metros livres na categoria de S9. Seria de esperar que tamanha propensão para o sucesso fizesse dela um modelo a seguir na Austrália. Infelizmente, nem toda a gente pensou assim.
A partir do momento em que se tornou uma paraatleta, começou a ser alvo de críticas na internet. «Acho que foi porque cheguei demasiado rápido a esta mundo, o que levou muita gente a questionar as minhas capacidades com base na inveja. Tive de fazer um esforço muito consciente para não entrar em conflito com o que me diziam», contou.
«Toda a gente me dizia para não ligar mas isso é muito difícil. É incrível como há gente que não se preocupa minimamente com o efeito emocional que pode provocar nos outros. Sabia que seria muito mais fácil desistir da natação, mas se o fizesse estaria a dar-lhes a vitória e desistir não faz parte do meu vocabulário. Quando as coisas ficam mais difíceis, gosto de recordar a razão para fazer o que faço: eu nado porque é saudável e porque adoro. Adoro as oportunidades que me dá e adoro como há sempre espaço para melhorar», acrescentou.
Lakeisha Patterson nasceu após um parto complicado, sofreu falta de oxigénio e teve de ser ressuscitada. O trauma provocou-lhe paralisia cerebral que afeta o movimento, a coordenação e o equilíbrio sobretudo do lado esquerdo. Tanto assim é que o seu estilo de braçada é muito peculiar: «Na água uso apenas o lado direito do meu corpo, o que pode ser um grande desafio para conseguir deslizar pela água tão rápido quanto possível».
O bullying de que foi alvo acabou por ser também combatido através da sua atividade profissional. Lakeisha Patterson trabalha para o Comité Paralímpico da Austrália, desempenhando uma tarefa que talvez se possa traduzir por agente de agradecimentos. «Neste papel sou responsável por entrar em contacto com todos aqueles que fazem donativos e simplesmente agradecer enquanto atleta».
Lakeisha Patterson é o caso típico de como se pode combater o mal com o bem. E com medalhas, muitas medalhas, independentemente do que possam dizer os outros.