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É Desporto

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06 de Março, 2020

Kusuo Kitamura. O jovem imberbe que nadou até fazer história

Especial Jogos Olímpicos (Los Angeles-1932)

Rui Pedro Silva

Kusuo Kitamura

A seleção de natação do Japão que apareceu em Los Angeles, nos Jogos Olímpicos de 1932, estava preparada para fazer história. O balanço final não deixa dúvidas: 12 das 18 medalhas conquistadas no evento foram nessa modalidade. Entre os campeões, houve um que se destacou – Kusuo Kitamura ganhou os 1500 metros com apenas 14 anos e 309 dias.

O Japão ficou no topo do medalheiro da natação em Los Angeles-1932, com cinco medalhas de ouro, cinco de prata e duas de bronze, num total de 12. Os Estados Unidos, crentes na sua superioridade hereditária, alcançaram o mesmo número de títulos mas ficaram aquém no total acumulado de pódios (10).

O fracasso norte-americano levou a algumas declarações surreais para tentar justificar a simples superioridade nipónica nesta edição. As palavras são do treinador olímpico dos Estados Unidos, Bob Kiphuth, no ano seguinte: «Eles [japoneses] são de uma nação sem cadeiras. Seja para comer ou para se sentarem, agacham-se desde os primeiros dias da vida, com as pernas por baixo do colo. As pernas são sempre flexíveis, sempre fortes como o aço».

A justificação não explica verdadeiramente o fator-surpresa daquela edição. E menos ainda o impacto que Kusuo Kitamura provocou ao vencer os 1500 metros livres com menos de 15 anos (14 anos e 309 dias). O nipónico tornou-se o campeão olímpico individual de natação mais novo da história e assim se manteve até ser batido pela húngara Krisztina Egerszegi em 1988. Hoje, 88 anos depois do título, Kitamura continua a ser o campeão olímpico individual de uma prova de natação masculina mais novo. E as regras já nem permitem que a marca seja batida.

O jovem imberbe que nadava sem se cansar precisou de 19:12.04 para cumprir a distância dos 1500 metros. Não foi o suficiente para bater o recorde do mundo mas fixou um novo máximo olímpico e terminou com praticamente dois segundos de vantagem sobre… um japonês – Shozo Makino. O melhor norte-americano, Jim Cristy, fechou o acesso às medalhas mas precisou de mais 27 segundos do que Kitamura.