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É Desporto

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07 de Fevereiro, 2020

Kostas Tsikilitras. O herói olímpico que morreu a defender a Grécia

Especial Jogos Olímpicos (Estocolmo-1912)

Rui Pedro Silva

Kostas Tsikilitras

Conquistou quatro medalhas olímpicas entre 1908 e 1912 e era uma das maiores potências do desporto grego. Poucos meses depois de alcançar a glória em Estocolmo, decidiu que queria defender a Grécia na Guerra dos Balcãs. Morreu em fevereiro de 1913 depois de contrair meningite.

A história está repleta de atletas que representaram os seus países nos Jogos Olímpicos e depois acabaram mortos ou desaparecidos em cenários de guerra. O italiano Otello Capitani, da ginástica, estreou esta lista inglória ao ser abatido em combate durante a guerra italo-turca na Líbia em 1912, mas foi um grego, Konstantinos Tsikilitras, que chamou a si o primeiro momento de drama no mundo do desporto.

As vidas são todas iguais mas o impacto de Tsikilitras no panorama olímpico tinha sido incomparavelmente maior. Em 1908, na estreia em Jogos, conseguiu duas medalhas de prata no atletismo: salto em comprimento sem balanço e salto em altura sem balanço. Quatro anos depois, em Estocolmo, decidiu que estava na altura de elevar a fasquia. O bronze no salto em altura sem balanço foi um tranquilo conforto para o homem que subiu ao lugar mais alto do pódio no salto em comprimento… sem balanço.

O dia 8 de julho entrou na história da sua vida. Perante a concorrência dos norte-americanos, saltou 3,37 metros no terceiro ensaio e garantiu a distância que lhe valeria a primeira e única medalha de ouro da sua carreira. Ficou a dez centímetros do recorde mundial de Ray Ewry mas foi suficiente – ainda que por apenas um centímetro – para ficar à frente de Platt Adams. O irmão de Platt, Benjamin, conquistou a medalha de bronze com 3,28 metros.

Os Jogos Olímpicos ficaram para trás e a Europa estava a aproximar-se de momentos conturbados. As Guerras dos Balcãs começaram em outubro de 1912 e a Grécia estava envolvida. Tsikilitras sentiu que tinha o dever de defender o seu país e insistiu em estar na linha da frente, apesar de o seu estatuto lhe permitir pedir dispensa.

A 10 de fevereiro de 1913, Konstantinos Tsikilitras tornou-se o primeiro campeão – e apenas o segundo atleta - olímpico da história a morrer durante um conflito. Não em combate, mas na sequência de ter contraído meningite. Tinha 24 anos.