Johnny Weissmuller. Dos títulos olímpicos ao papel de Tarzan
Especial Jogos Olímpicos (Paris-1924)
Foi a maior figura da natação em 1924 ao conquistar três medalhas de ouro, para não falar de uma de bronze no polo aquático. Ganhou fama, manteve o proveito e quatro anos depois, com mais dois títulos olímpicos, deu o salto para Hollywood. Ainda hoje é conhecido como o Tarzan mais famoso da história.
A carreira desportiva de Johnny Weissmuller é verdadeiramente impressionante. Conquistou um total de seis medalhas nos Jogos Olímpicos, tornou-se o primeiro homem a nadar os 100 metros em menos de um minuto, acumulou 52 campeonatos nacionais nos Estados Unidos e fixou um total de 67 recordes mundiais. Ninguém era capaz de lhe ganhar dentro de água mas, curiosamente, foi na película que se tornou imortal.
O nadador de origem europeia, que nasceu no império Austro-Húngaro em 1904, era humilde o suficiente para não encarar cada prova como algo garantido. Tanto assim foi que, na sua primeira grande final olímpica, a dos 100 metros livres em Paris-1924, estava uma pilha de nervos por ter de defrontar o mítico havaiano Duke Kahanamoku. O recorde mundial já lhe pertencia, mas a figura do compatriota intimidava-o. Foi nessa altura que o adversário decidiu acalmá-lo com umas simples palavras: «Não te preocupes. O que importa é que o pódio seja todo dos Estados Unidos».
E assim foi. Weissmuller nadou sem rodeios e garantiu a medalha de ouro com um novo recorde olímpico (59 segundos exatos), deixando os irmãos Kahanamoku a mais de dois segundos. Com os nervos controlados e a adrenalina direcionada no sentido certo, Weissmuller, na altura com apenas vinte anos, partiu para um desempenho irrepreensível.
O balanço final foi claro: juntou as medalhas de ouro nos 400 metros livres e na estafeta dos 4x200 metros livres e ainda contribuiu de forma importante, jogando como avançado, na medalha de bronze da equipa de polo aquático.
Quatro anos depois, já depois de ter nadado as 100 jardas (91,44 metros) nuns impressionantes 51 segundos, voltou a demonstrar que era um talento inigualável, repetindo as medalhas de ouro nos 100 metros e na estafeta. Cada vez mais famoso nos Estados Unidos, aproveitou a sua imagem para iniciar uma nova carreira, mais ligada à representação e a papéis de modelo.
Em 1932, foi Tarzan pela primeira vez e marcou uma geração inteira. Hoje, praticamente um século depois, continua a ser o mais famoso nesse papel e deixou um legado – sobretudo no estilo do «grito de Tarzan» - que é replicado vezes sem conta… dentro e fora do cinema.
Curiosamente, o convite para uma audição só foi aceite depois de lhe terem dito que podia conhecer estrelas como Clark Gable e Greta Garbo. Weissmuller decidiu ir ao casting e, depois de ser escolhido, teve um diálogo com o produtor surreal. O seu nome era um problema, não por parecer estrangeiro nem nada que se pareça, mas por ser o mesmo de uma das figuras mais importantes das edições anteriores dos Jogos Olímpicos.
Durante alguns minutos, Weissmuller precisou de convencer que era, de facto, o mítico nadador. Aquele cujo recorde de cinco medalhas de ouro na natação se manteve um recorde até chegar outra figura lendária, Mark Spitz, em 1972.