John Stephen Akhwari. O homem que tinha de terminar a maratona
Especial Jogos Olímpicos (México-1968)
Atleta da Tanzânia foi uma das figuras da maratona nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, em 1968, não por ter vencido ou terminado no pódio, mas sim pelo exemplo de coragem e determinação que deu ao insistir que queria terminar a prova apesar dos problemas físicos.
«O meu país não me enviou numa viagem de cinco mil milhas para começar uma corrida, enviou-me para terminar», afirmou um muito debilitado John Stephen Akhwari a 20 de outubro, numa altura em que o estádio estava praticamente deserto e já ninguém esperava por corredores da maratona.
Os resultados que entraram para a história foram outros. O etíope Mamo Wolde garantiu a medalha de ouro com um tempo de duas horas, 20 minutos e 26 segundos, com mais de três minutos de vantagem sobre o segundo classificado, mas foi outro africano a dominar a atenção mediática.
O tanzaniano John Stephen Akhwari foi o 57.º e último atleta a terminar a prova da maratona. Podia ter feito como Abebe Bikila, na altura bicampeão olímpico, e desistir, mas o orgulho não o deixou. Terminou a mais de 21 minutos do penúltimo classificado mas havia uma explicação para tudo.
Akhwari estava lesionado. Gravemente lesionado. Depois de já ter sofrido cãibras numa primeira fase da prova, acabou por ir ao chão numa confusão entre corredores à procura do melhor espaço. Resultado? Ficou com o ombro muito mal tratado e… deslocou o joelho. O resto da corrida foi uma provação: a um ritmo mais lento, com um esgar de dor insuportável e um único pensamento na cabeça: terminar, terminar, terminar.
O atleta da Tanzânia não seria candidato ao pódio mas estava longe de ser alguém sem créditos. Naquele dia não estava destinado. Foi assistido pela equipa médica mas insistiu em regressar à estrada. E assim continuou até, já de noite, cruzar a meta. Aí, sim, o objetivo principal estava alcançado. Terminar.