Johannes Strolz. Filho de peixe sabe esquiar
Os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim-2022 têm sido um viveiro de heranças familiares. Filhos de antigas campeãs olímpicas que sobem ao pódio, como Ryan Cochran-Siegle, irmãos que vencem medalhas separados por quatro dias no cross-country, como os finlandeses Niskanen, e, agora, um filho que imita o pai… 34 anos depois.
O caso é único. A genética familiar é uma constante mas neste episódio em particular estamos a falar de um filho que conseguiu vencer precisamente a mesma prova do pai. Há filhos e mães, filhas e pais, tios, irmãos, mas nunca tinha havido até agora uma combinação de filho e pai.
Vamos então à história e comecemos no Canadá, nos Jogos Olímpicos de Calgary em 1988. A prova é o combinado alpino, que consiste na soma dos tempos registados numa descida de downhill e numa de slalom.
Hubert Strolz representa a Áustria e consegue garantir a medalha de ouro ao ser mais rápido do que o compatriota Bernhard Gstrein e o seu vizinho suíço Paul Accola. Vencedor também da medalha de prata no slalom gigante no Canadá, Hubert não voltou a brilhar ao mais alto nível – nem tinha até então.
Estamos a falar de 1988, quatro anos antes do nascimento de Johannes. Talvez por isso mesmo o filho nunca se tenha apercebido verdadeiramente do feito do pai até muito tarde. «Curiosamente, só há relativamente pouco tempo é que percebi os grandes feitos que ele conseguiu alcançar e o que significou na altura», confessou em 2019.
Johannes também tem uma carreira modesta. Sem participações anteriores em Jogos Olímpicos e sem medalhas em grandes provas para exibir, o maior destaque foi mesmo ter vencido uma etapa da Taça do Mundo no slalom durante esta temporada.
O Strolz-filho nem sequer pensava numa participação olímpica até há poucos meses e a vitória em Pequim não deixou de ser uma grande surpresa. «É verdadeiramente um enorme momento para mim e estou muito agradecido por ter conseguido viver finalmente o meu sonho e agarrar esta medalha de ouro tal como o meu pai conseguiu em 1988», afirmou.
«Sim, é um sonho realizado. A medalha de ouro significa muito para mim», acrescentou o atleta que explicou que teve todos os astros a conjugarem-se para chegar ao ouro, inclusive a utilização dos esquis de Matthias Mayer, austríaco que já conquistou duas medalhas na China (ouro no Super G e bronze no downhill).
Dizem que um relâmpago nunca cai duas vezes no mesmo sítio mas a família Strolz acabou de aprender que não é bem assim. O brilho do ouro voltou 34 anos depois para iluminar uma carreira que estava a passar despercebida até agora. Será que voltará a acontecer?