Jimmy Walker. Até deu para dormir a sesta
Tem 37 anos e nunca tinha disputado até ao fim um major de golfe. Desta vez, foi mais forte do que a concorrência e até teve tempo para ir dormir dez minutos para a autocaravana antes de partir para os 18 buracos mais importantes da sua vida.
Mais vale tarde do que nunca
Nem Rory McIlroy, nem Jordan Spieth nem Jason Day. O primeiro falhou o cut, o segundo nunca chegou a ameaçar e o terceiro resistiu até ao último buraco, aumentando a pressão sobre Jimmy Walker, um norte-americano de 37 anos que nunca tinha vencido um major de golfe.
A história começou a desenhar-se logo no primeiro dia – com 65 pancadas, passou a noite na liderança – e continuou assim até ao 72.º e último buraco. Mas a pressão nunca desapareceu. Momentos antes de partir para as últimas pancadas do torneio, Walker ouviu o público delirar com o final de Jason Day.
Até aí a diferença entre os dois era de três pancadas, mas um eagle num par 5 do rival fez com que a margem de manobra de Jimmy Walker desaparecesse. Tinha cinco pancadas para concluir a ronda e vencer o major. Se fizesse seis, empatava com Day.
A pressão aumentou. E quando colocou a bola no rough na segunda pancada, percebeu-se que poderia haver uma reviravolta. Walker não tremeu. Tinha três pancadas para vencer e não precisou de mais.
Demorar a engrenar
Jimmy Walker não é golfista para grandes aventuras em majors. Chegou ao PGA Championship depois de falhar o cut no US Open e no The Open e o melhor resultado até então fora o sétimo lugar no PGA Championship em 2014.
De resto, o palmarés também não é muito recheado. Profissional desde 2001, só venceu um torneio do PGA Tour a 14 de outubro de 2013, à 188.ª participação.
O passado pouco importou no PGA Championship, em Nova Jérsia. Era preciso afinar a mecânica das pancadas e o treinador Butch Harmon tinha a solução, tal como já fizera uns anos antes.
«Tinha de o fazer acreditar na qualidade dele. Ele não se achava tão bom como eu achava que ele era. Tinha perdido a fé nele próprio também», explicou.
Espírito revigorado
Fé não foi um problema durante os quatro dias do PGA Championship. Líder da primeira à última ronda, Walker transbordou tranquilidade. «Sentia confiança no meu swing, no meu putt, no meu chipping. Concentrei-me nisso e tudo estava a parecer bem. Sentia confiança no que fazia», confessou.
A calma era tanta que, depois de ter sido obrigado a concluir a terceira ronda no domingo de manhã, aproveitou um tempo livre para regressar à autocaravana para dormir um pouco. «Foram só dez minutos, mas garanto que souberam muito bem», brincou.
Agora, com o troféu nas mãos, poderá voltar à autocaravana com a mulher, que conheceu quando esta era voluntária num torneio em que competia (2004) e continuar a viajar pelo país. Só que agora já não é apenas Jimmy Walker. Já é Jimmy Walker, campeão de um major de golfe.
RPS