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É Desporto

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24 de Julho, 2021

Javad Foroughi. O enfermeiro com precisão de campeão

Rui Pedro Silva

Javad Foroughi

Os profissionais de saúde têm sido elogiados um pouco por todo o mundo. Há quem lhes bata palmas à janela, quem lhes angarie cama, comida e conforto, quem lhes arranje finais da Liga dos Campeões. A pandemia veio trazer ainda mais peso a uma profissão dura e os desafios aumentaram nos «quatro cantos do globo».

O Irão não é exceção neste reconhecimento e hoje foram muitas as palavras elogiosas direcionadas a Javad Foroughi. Mas, neste caso, não foi por estar a trabalhar no Hospital Baqiyatullat em Teerão para garantir os cuidados de saúde necessários aos infetados por Covid-19. Não foi por ser apenas mais um de milhares a fazer todos os possíveis para que a pandemia possa ser controlada. Foi por… estar nos Jogos Olímpicos e ganhar uma medalha de ouro.

Javad Foroughi não fez por menos e levou os conhecimentos que adquiriu num hospital para os campos de tiro dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Literalmente. Sim, porque Javad experimentou tiro pela primeira vez na cave de um hospital onde trabalhava. Até então, nunca tinha visto uma pistola na vida, mas o talento era inato e não demorou muito a manifestar-se.

A profissão não é necessariamente um obstáculo à sua atividade paralela. «Tenho turnos noturnos, estava habituado a eles há vários anos e até cheguei a ir trabalhar depois de algumas competições. A minha motivação é o meu grande impulso: adoro disparar. Trabalhar em turnos noturnos poderia reduzir a concentração e precisão, mas consigo lidar com isso», garantiu.

A julgar pelos resultados na prova de pistola a 10 metros, não há como negar. O atirador de 41 anos bateu o recorde olímpico e terminou a final com 244.8 pontos, à frente do sérvio Damir Mikec (237.9).

O Irão recebeu a notícia da medalha de ouro em euforia num período em que o desânimo se volta a instalar com o surgimento de uma quinta vaga da pandemia. Javad Foroughi está a ser visto como um herói nacional e um defensor da saúde e há quem diga que este triunfo foi um milagre que ajudou a afastar a poeira da tristeza da face das pessoas do Irão.

O país atingiu as 70 medalhas em Jogos Olímpicos, com 22 de ouro, 21 de prata e 27 de bronze, mas esta foi a primeira de sempre no tiro. O Irão tem também dois títulos no taekwondo, nove no halterofilismo e 10 na luta.