James Connolly. O primeiro campeão olímpico da era moderna
Especial Jogos Olímpicos (Atenas-1896)
Estudava em Harvard mas deixou o ano a meio para cumprir o sonho de participar na primeira edição dos Jogos Olímpicos da era moderna. Passou mais de duas semanas dentro de um barco e esteve quase a ficar em terra. Na Grécia, fez história ao vencer a prova de triplo salto.
O primeiro campeão olímpico da era moderna veio de… Boston. De origem irlandesa, como o próprio nome indica, cresceu no seio de uma família pobre e habituou-se a passar os dias na rua a brincar com os amigos. Nascido em 1868, quando Pierre de Coubertin tinha apenas cinco anos, a forma como passou o início da vida acabou por ser fundamental para escrever uma página inesquecível em Atenas.
Sempre muito ligado ao desporto, Connolly não quis desperdiçar a oportunidade de marcar presença na Grécia. Na altura era estudante de Harvard e pediu uma pausa sabática à instituição para poder viajar até à Europa. A petição foi prontamente recusada. O norte-americano não estava disposto a ficar pelo caminho e seguiu pela alternativa, solicitando uma dispensa com honra da universidade. O pedido foi aprovado a 19 de março de 1896.
A viagem até à Europa demorou 16 dias. Instalado num navio alemão, desembarcou em Nápoles, cidade italiana de onde partiria rumo a Atenas. O sonho de participar nos Jogos Olímpicos quase foi destruído por um assalto no porto italiano, mas Connolly evidenciou uma vez mais a sua capacidade atlética para garantir que não ficava sem bilhete.
Finalmente, a 6 de abril de 1896, no dia de abertura dos Jogos Olímpicos, James Connolly provou que havia uma razão para estar tão determinado em competir em Atenas. Na primeira final da jornada, no triplo salto, o atleta saltou 13,71 metros e conquistou o título e… medalha de prata (o ouro só seria instituído mais tarde).
O domínio de Connolly foi indiscutível. O segundo classificado, o francês Alexandre Tuffère, ficou a mais de um metro (12,70). A veia desportiva do primeiro campeão de sempre continuou a demonstrar-se nos dias seguintes, abrindo espaço para o segundo lugar no salto em altura e para a terceira posição no salto em comprimento.
James Connolly tornou-se rapidamente uma das figuras de Atenas-1896 e prolongou o seu sucesso para as duas edições seguintes: em Paris-1900 voltou a ganhar uma medalha no triplo salto (segundo classificado); em St. Louis-1904 esteve presente como… jornalista.
Foi a escrever que o atleta viveu o resto da sua vida, ora como jornalista, ora como correspondente de guerra, ora como escritor de pequenos contos. Connolly não voltou a estudar em Harvard e em 1949 chegou mesmo a recusar um doutoramento honoris causa.
Depois de morrer em 1957, teve uma última ligação à história dos Jogos Olímpicos em 1972. Foi numa rua batizada em sua homenagem que a comitiva israelita foi levada como refém no evento que ficou conhecido como o Massacre de Munique.