Irmãos Morozumi. A importância da inspiração
Yusuke e Kosuke (à esquerda e à direita na foto) estavam na primeira fila do pavilhão a ver a equipa capitaneada por Makoto Tsuruga fazer história nos Jogos Olímpicos de Nagano. Vinte anos depois, fazem parte da segunda equipa japonesa masculina a conseguir a qualificação para a prova de curling.
Experiência que serviu de impulso
Karuizawa, 9 de fevereiro de 1998. O dia é muito especial para a pequena cidade na prefeitura de Nagano. Pela primeira vez na história, uma localidade vai poder dizer que já acolheu provas dos Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno.
Trinta e quatro anos antes, os Jogos Olímpicos de Tóquio tinham reservado as instalações de Karuizawa para as provas de equestre. Agora, em 1998, era Nagano a requisitar um pavilhão para o curling. Também aí, o Japão estava à beira de fazer história, com a estreia da seleção masculina num grande evento.
A expectativa era grande e os irmãos Morozumi estavam na primeira fila, levados pela mãe: Yusuke, o mais velho, tinha acabado de fazer treze anos, e Kosuke, o mais novo, ainda não tinha feito dez. Para os dois, a experiência foi marcante. O Japão até perdeu, com o crónico candidato Canadá, mas viver aquele momento serviu de impulso para o futuro.
«Na altura ainda não tinha começado a praticar curling. Mas senti que era o meu destino e fiquei muito feliz», disse Kosuke.
A prestação do Japão deixou o país com um travo amargo na boca. Depois de somar três vitórias em sete jogos na primeira fase, os nipónicos foram obrigados a uma série de desempate com os Estados Unidos e com a Suécia, curiosamente duas seleções que tinham derrotado durante a primeira fase.
Aí, vacilaram. Os Estados Unidos venceram os dois jogos e seguiram para a meia-final, deixando o Japão de fora daquela que foi a primeira e, até agora, única participação masculina no curling.
Ciclo perfeito
O Japão garantiu a qualificação para a competição masculina de curling nos Jogos Olímpicos de PyeongChang ao terminar os dois últimos mundiais entre as primeiras sete seleções. O último, em Edmonton, ficou marcado por ter sido o primeiro a ser transmitido em direto pela televisão pública japonesa.
Um dos comentadores era… Makoto Tsuruga, o elemento que capitaneou o Japão em 1998 com apenas vinte anos. Na altura, tinha apenas seis anos de experiência e tinha sido fruto de uma forte aposta do estado na participação no evento que iriam organizar.
Agora, os irmãos Morozumi fazem parte de um fenómeno muito maior. Yusuke começou a praticar no mesmo ano de Nagano-1998, enquanto Kosuke esperou mais três anos até fazer o mesmo. De salto em salto qualitativo, alcançaram a primeira participação num Mundial em 2009 e sete anos depois, em Basileia, fizeram história ao alcançar um resultado no top-4.
Mais uma vez, os Estados Unidos vestiram o papel de vilão, derrotando-os na meia-final dos pobres e no jogo de atribuição da medalha de bronze. Meia-final dos pobres? Precisamente. O vencedor da meia-final entre o terceiro e o quarto classificado da primeira fase ganhava apenas o direito de disputar um jogo de acesso à final contra o derrotado da outra meia-final.
Em PyeongChang, mais do que o resultado, o objetivo é fazer pelos jovens o que a seleção de 1998 fez por eles. «É uma grande honra participar nos Jogos Olímpicos e vamos tentar fazer o melhor possível. Gostávamos de conseguir aumentar o interesse dos japoneses pelo curling», confessou Yusuke, o líder de uma equipa que, para além do irmão Kosuke, ainda conta com Tetsuro Shimizu e Tsuyoshi Yamaguchi.
RPS