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É Desporto

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07 de Fevereiro, 2022

Ireen Wüst. Dos Países Baixos para o topo da patinagem

Rui Pedro Silva

Ireen Wüst

É uma das principais histórias dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim e tudo poderia ter sido diferente se com dez anos, em 1997, tivesse achado pouca piada à possibilidade de sofrer com hipotermia durante a madrugada para ver o pai a patinar.

Foi este o ponto de partida para a hegemonia histórica de Ireen Wüst na patinagem de velocidade. Tudo a aconteceu a 4 de janeiro, com uma temperatura a rondar os quatro graus negativos. Durante praticamente sete horas, vários atletas completaram os 199,6 quilómetros de uma prova chamada Elfstedentocht. Entre os atletas estava o pai de Ireen.

As memórias não são grande coisa. A vitória foi para Henk Angenent e para Ireen a maior lembrança é mesmo o facto de ter acordado de madrugada e estar na rua com o irmão, com um frio de rachar, a ver o pai a patinar nos canais congelados de Heerenveen.

«Naquele momento soube que era aquilo que eu queria. No resto do Inverno obriguei o meu pai a levar-me ao rinque todos os domingos. Como uma rapariga de dez anos, patinava atrás do meu pai e do seu amigo», recordou.

A paixão foi imediata e a dedicação à patinagem acabariam por fazer dela um dos nomes incontornáveis da modalidade. «Acredito que se formos com tudo atrás de um objetivo, conseguiremos alcançar mais do que julgávamos», disse em 2018, refletindo na perfeição aquilo que é a sua carreira.

Hoje, Ireen Wüst tem 35 anos e já anunciou, em janeiro, que iria terminar a carreira. Está na altura, garantiu. Mas antes ainda viajou para Pequim, para fazer ainda mais história nos Jogos Olímpicos de Pequim.

Depois da estreia em Turim, em 2006, na edição em que foi campeã olímpica dos 300 metros e bronze nos 1500 metros, Ireen Wüst tem colecionado recordes e medalhas. São tantos, e tantas, que até somos capazes de perder o fôlego se tentarmos dizer tudo de uma vez.

Ireen Wüst tornou-se a neerlandesa mais jovem de sempre a conquistar uma medalha de ouro em Jogos de Inverno, com 19 anos e 317 dias. Hoje, Ireen Wüst tornou-se também a neerlandesa mais velha de sempre a conquistar um título olímpico, superando Stien Baas-Kaiser (33 anos em Sapporo-1972) por mais de dois anos.

Ireen Wüst também se tornou a primeira atleta na história dos Países Baixos a vencer cinco medalhas numa edição dos Jogos Olímpicos, em Sochi-2014. Quatro anos depois, em PyeongChang, tornou-se a primeira a sagrar-se campeã em quatro edições diferentes dos Jogos. Depois do ouro nos 1500 metros em Pequim-2022, elevou esse recorde para cinco.

Os Países Baixos têm uma enorme tradição na patinagem de velocidade e também em muitas outras modalidades de Jogos de Verão, como o hóquei em campo por exemplo, mas Ireen Wüst está um patamar, pelo menos, acima de toda a gente. Com seis medalhas de ouro, cinco de prata e uma de bronze, lidera não só a tabela de atleta dos Países Baixos com mais pódios mas também com mais títulos.

Parece simples, não parece? E tudo começou numa madrugada fria de Heerenveen em janeiro de 1997.