Ingrid Jonsson. O esforço da Suécia na arbitragem foi recompensado
O destino de Ingrid Jonsson como primeira árbitra nomeada para uma final FIFA começou a ser escrito em 1975, quando a sueca tinha apenas 14 anos e ainda não fazia sequer ideia de que a arbitragem iria fazer parte da sua vida. Naquela década, o futebol feminino estava a dar passos concretos na Escandinávia mas, como escreveu Lars-Ake Bjorck, membro do Comité de Arbitragem da FIFA, no relatório técnico do Mundial-1995, «as mulheres eram muito mal representadas no que diz respeito à arbitragem».
«Foi definido um plano de dez anos na Suécia que, em colaboração com outros países da Escandinávia, tinha o objetivo de garantir aprendizagem e treino para produzir um número suficiente de árbitras», explicou Bjorck.
Ingrid Jonsson foi uma das mulheres a beneficiar deste plano para o futuro. «Comecei a carreira de árbitra em 1983 quando ainda jogava como guarda-redes. Naquela altura também era professora de Educação Física», contou.
O Suécia-Noruega de 1985 marcou o primeiro passo efetivo do plano escandinavo. Foi nesse encontro particular feminino que, com a aprovação da FIFA, foi nomeado um trio de arbitragem composto exclusivamente por mulheres. Ingrid Jonsson era, curiosamente, uma das árbitras assistentes.
Os anos passaram e Ingrid Jonsson continuou a figurar na vanguarda da arbitragem no feminino. No primeiro Mundial de futebol feminino organizado pela FIFA, foi uma das poucas mulheres convidadas para o evento, numa altura em que ainda não as havia nos quadros do organismo internacional.
Se a história recaiu sobretudo na brasileira Cláudia Vasconcelos – primeira mulher a arbitrar um jogo, no encontro de atribuição do terceiro lugar -, Ingrid Jonsson pode orgulhar-se de dizer que marcou presença, como assistente, na final entre Estados Unidos e Noruega.
Quando, quatro anos depois, esteve novamente na final, mas como árbitra principal, o carrossel de emoções já não era o mesmo. Ingrid arbitrava jogos do campeonato sueco feminino desde 1986 e tinha mais de 85 jogos nacionais e 10 internacionais no currículo.
Ali, naquele momento, nem os milhares nas bancadas a atemorizaram. «Em 1991, fui assistente na final entre Noruega e Estados Unidos com 63 mil espetadores. Na Suécia, em 1995, o jogo entre Noruega e Alemanha tinha cerca de 17 mil espetadores. Foram jogos diferentes, com atmosferas diferentes. Mas claro que ser nomeada para a final no teu país é especial.»
A nomeação de Jonsson também teve uma carga simbólica muito grande. Ingrid não se limitava a fazer a diferença dentro de campo, mas também fora dele. Casada com um árbitro – mas de bandy, não de futebol – foi sempre uma voz ativa na arbitragem na Suécia e uma das maiores razões para que o país já contasse com 1000 mulheres árbitras em 1995.
A arbitragem tornou-se uma segunda vida para Ingrid Jonson e mesmo quando disse adeus aos jogos dentro de campo – afinal já tinha 35 anos na final em 1995 -, continuou a fazer parte dos quadros da FIFA e a assumir papéis de relevo na arbitragem mundial… até hoje.