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É Desporto

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02 de Abril, 2019

Fórmula 1. E no início houve… Silverstone

Rui Pedro Silva

Silverstone e a F1 em 1950

O circuito britânico de Silverstone acolheu o primeiro Grande Prémio na história da Fórmula 1 na era do Mundial de Pilotos. Aconteceu a 13 de maio de 1950, com presença real nas bancadas, e a vitória sorriu a um italiano, Giuseppe Farina, ao volante de um carro italiano, Alfa Romeo. A partir daí, nada mais foi o mesmo.

 

Não era um fenómeno mediático, não havia milhões à espera que as luzes vermelhas se apagassem e DRS era um conjunto de três letras que estava longe de fazer qualquer sentido na Fórmula 1. Os próprios carros eram ainda mais diferentes dos atuais do que o homo sapiens do australopiteco.

 

Ninguém poderia imaginar que a Fórmula 1 acabaria por ser um fenómeno em todo o mundo e que movimentaria milhões… de dólares (euros, libras ou qualquer que seja a moeda) e de interesses.

 

A Europa estava ainda em fase de recuperação da II Guerra Mundial e os desportos automobilísticos aceleravam rumo ao interesse global. A indústria dos automóvel voltava a ser uma prioridade e havia vontade de mostrar ao mundo a afirmação da engenharia.

 

Silverstone era palco habitual de corridas de automóveis mas naquele dia de maio de 1950 aconteceu o início de um dos maiores fenómenos desportivos da nossa era. As corridas de Fórmula 1, no sentido lato, já existiam, mas um Mundial onde os pilotos teriam a oportunidade de ser coroados como os mais rápidos do mundo era uma ideia nova.

 

Os interessados fizeram fila e chegaram 26 pilotos a Silverstone. O argentino Juan Manuel Fangio estava no topo dos destaques, mas também havia italianos, britânicos, franceses, um belga, um monegasco, um suíço, um tailandês e um irlandês.

 

A Alfa Romeo conquistou o fim-de-semana. Giuseppe Farina fez o tempo mais rápido da qualificação e viu o seu compatriota Luigi Fagioli ocupar o segundo lugar. A supremacia do construtor italiano foi tão grande que os motores dos quatro tempos mais rápidos falavam todos a mesma língua.

 

O dia da corrida chegou e entre os 200 mil espetadores estavam presenças de respeito. Houve lugar para o rei George VI, a rainha Isabel e a princesa Margarida. Dentro de pista, os britânicos não conseguiram homenagear os seus líderes.

 

Reg Parnell foi terceiro classificado e o único de onze britânicos a terminar num lugar de pontos – na altura reservado apenas aos cinco primeiros. Giuseppe Farina confirmou a superioridade da qualificação e entrou para a história como o primeiro vencedor ao cortar a meta, depois de 70 voltas ao circuito, com 2,6 segundos de vantagem sobre Luigi Fagioli. Dos 21 carros que alinharam na partida, apenas 11 conseguiram classificar-se e só os três primeiros não foram dobrados por Farina.

 

Juan Manuel Fangio, futura força hegemónica da competição, foi obrigado a desistir a oito voltas do fim com uma fuga de óleo.

 

O pontapé de partida estava dado. Farina aproveitou o excelente augúrio para ser campeão mundial, depois de três vitórias e apenas três pontos de vantagem sobre Juan Manuel Fangio, o argentino do tudo ou nada: participou em seis das sete corridas do Mundial, venceu três e desistiu nas restantes três.