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É Desporto

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26 de Julho, 2016

Filippo Tortu. Recordes não foram os primeiros a ser quebrados

Rui Pedro Silva

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Um gesto tão simples como inclinar-se para a frente na linha de meta fez com que partisse o cúbito e o rádio nos dois braços. Filippo precisou de recuperar mas, menos de dois anos depois, o adepto da Juventus que nasceu em Milão conseguiu o melhor momento da carreira: é vice-campeão mundial sub-20 nos 100 metros. E tudo começou com uma moto cor-de-rosa em miniatura. 

«Podia ter acontecido a qualquer um»

Sexta-feira, 22 de agosto de 2014. Nos Jogos Olímpicos da Juventude em Nanjing, na China, um italiano de 16 anos prepara-se para correr a eliminatória dos 200 metros na linha seis. Chama-se Filippo Tortu, vem de uma família de velocistas e mantém a ambição de alcançar a final.

Tortu precisou de 21,38 segundos, melhor marca pessoal, para cortar a meta e terminar na segunda posição da eliminatória e com o sexto melhor tempo da ronda. Mas o azar bateu-lhe à porta. Nos últimos metros, inclinou-se para a frente, como é tão habitual nas provas de velocidade para melhorar o tempo, e desequilibrou-se.

Filippo Tortu caiu mal e partiu o cúbito e o rádio nos dois braços. O sonho de chegar mais longe esfumara-se aí num abrir e fechar de olhos. «Foi um acidente. Podia ter acontecido a qualquer um», afirmou na altura a um jornal local.

 

Velocidade corre no sangue

Filippo Tortu não conseguiu fugir à tradição da família. O avô Giacomo chegou a correr os 100 metros em 10,9 segundos, o pai Salvino também era velocista e o irmão mais velho, Giacomo, faz os 200 metros em 21,05 segundos.

«A única que nunca fez atletismo foi a minha mãe», brinca Filippo. Nunca fez atletismo mas foi por causa dela que a ligação às corridas começou. Quando tinha quatro anos, os pais levaram o irmão Giacomo a uma corrida e a mãe reparou que também havia uma para crianças. Não hesitou, inscreveu Filippo e… assistiu à primeira vitória.

O jovem não se lembra da corrida mas «o prémio foi um brinquedo». «Era uma moto cor-de-rosa em miniatura que guardo com todas as minhas medalhas», garante.

Durante algum tempo, partilhou o atletismo com o basquetebol mas os problemas recorrentes nos calcanhares fizeram com que se concentrasse exclusivamente nas corridas a partir dos 13 anos. Salvino assumiu o papel de treinador.

 

Medalha na Polónia

Filippo Tortu nasceu em Milão mas é adepto da Juventus, «claro». E foi na Polónia, país de Boniek, antigo campeão europeu com a Vecchia Signora, que conseguiu o melhor momento da carreira até ao momento.

Em Bydgoszcz, menos de dois anos após partir os dois braços, Tortu conquistou a medalha de prata nos 100 metros do Mundial sub-20. E isto apenas duas semanas depois de bater o recorde italiano de juniores (10,19) nos Europeus de Amesterdão, em que falhou a final por três centésimas.

«Estou em grande forma. Corri muito bem na final, aliás, em todas as rondas. Conseguia sentir a fatiga das eliminatórias na final mas não foi por isso que perdi. Todos os finalistas tinham três rondas em cima das pernas», afirmou em declarações à IAAF.

«Quando atravessei a linha da meta, achei que tinha sido segundo mas sem certezas. No início da corrida achei que estava a ficar para trás mas depois conseguiu recuperar terreno», conta ainda. 

RPS