Figuras Olímpicas XV - Laurie Hernández
Os pais subornavam-na com bolachas para ir às aulas de dança e ballet mas só a ginástica a seduziu. Com 16 anos feitos em junho, conseguiu o apuramento para o Rio de Janeiro por pouco. A grande referência no desporto é… a colega Simone Biles.
Juventude em marcha
Laurie Hernández era de longe a ginasta mais jovem da equipa que os Estados Unidos apresentou no Rio de Janeiro. Com 16 anos, tem menos três do que Madison Kocian e Simone Biles, quatro do que Gabby Douglas e seis do que Aly Raisman.
A juventude é tanta que foi por muito pouco que conseguiu garantir um lugar nas “Final Five”. Para participar na ginástica artística, as atletas têm de ter pelo menos 16 anos e Laurie só os celebrou em junho.
Em prova, a diferença de idades não se notou. Descendente de porto-riquenhos, a primeira a competir pelos EUA na modalidade desde Tracee Talavera em 1984, conquistou o ouro olímpico na prova por equipas e foi medalha de prata na trave, ficando mesmo à frente de Simone Biles.
Na equipa, a adolescente de Nova Jérsia tinha três das ginastas que mais a marcaram enquanto crescia. «A minha maior influência neste desporto foi Simone Biles. Ela tem ultrapassado todos os limites e mostrado um talento espantoso que faz com que o público e os juízes sejam levados à loucura. Também tem uma personalidade fantástica.»
Por outro lado, Aly Raisman e Gabby Douglas fazem parte do seu imaginário: «A minha memória olímpica favorita foi ver as ‘Fierce Five’ em Londres. Mostraram uma verdadeira determinação na competição e queria ser igual a elas.»
Subornada com bolachas
Laurie começou por andar em aulas de dança e de ballet. Tinha cinco anos e não gostava mas os pais convenciam-na a ir em troca de bolachas. Um dia, ao ver uma prova de ginástica artística na televisão, percebeu que queria fazer o mesmo que «aquelas meninas grandes».
«Comecei na ginástica com cinco anos mas só se tornou algo mais sério com sete», relembrou.
Maggie Haney é a sua treinadora praticamente desde o início. Apesar de não ter experiência com ginastas de topo, conseguiu desenvolver uma relação de qualidade com Laurie e o resultado está à vista.
A ginasta foi ganhando cada vez mais protagonismo a nível júnior e só passou por um contratempo em 2014, época que falhou por inteiro depois de ter fraturado o pulso, primeiro, e de ter sido forçada a uma operação ao joelho.
A mentalidade que levou para a ginástica é herança da mãe, uma militar na reserva. «Ensinou-me a importância de seguir as regras, de terminar o que começo e de nunca desistir. E passou-me as qualidades de liderança, de trabalho em equipa, de manter sempre uma postura positiva, motivada e, claro, de saber como fazer as malas quando viajo», explicou.
É também por isso que, apesar de ter deixado a escola no terceiro ano, prosseguiu os estudos em casa.
Herança e esperança
Laurie Hernández não esconde o orgulho que tem em ter uma herança porto-riquenha e confessou esperar que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro pudessem ajudar a aproximar os povos numa fase tão delicada.
«Claro que é difícil, com tudo o que se está a passar, mas espero que com tantos atletas de tantos países juntos na aldeia olímpica, possamos elevar um pouco o espírito», dizia.
RPS