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É Desporto

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29 de Agosto, 2016

Figuras Olímpicas XIII – Madison Kocian

Rui Pedro Silva

Madison Kocian

Fratura na tíbia em fevereiro não impediu a texana de 19 anos de fazer parte das Final Five dos Estados Unidos. «É o que fazes na sombra que te vai fazer brilhar», dizia o anúncio em que participou. No Rio de Janeiro, foi campeã olímpica por equipas e prata nas barras paralelas assimétricas. 

 

Instinto trepador

 

Madison Kocian nasceu no Texas a 15 de junho de 1997. Os pais, Thomas e Cindy, não precisaram de muito tempo para perceber um instinto natural que a filha tinha. Desse por onde desse, estava sempre pendurada em alguma coisa e não deixava nada por trepar.

 

A solução foi levá-la para a ginástica. «A primeira memória que tenho é de ter feito a festa dos cinco anos num ginásio», recorda Madison, uma das cinco norte-americanas que competiram nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

 

«Os meus pais têm sido os meus maiores apoiantes. Meteram-me no desporto quando era nova e assumiram o compromisso de me levar ao ginásio diariamente. Farão tudo para me ajudar a ter sucesso e a ser feliz», explica a ginasta que adorava fazer elevações na barra quando era mais nova.

 

Caminho de provação

Madison Kocian

O palmarés de Madison Kocian consegue esconder a série de lesões que teve de ultrapassar: foi campeã do mundo por equipas em 2014 e 2015, de barras paralelas assimétricas em 2015 e no Rio de Janeiro juntou mais um ouro por equipas e uma medalha de prata no seu aparelho favorito.

 

O brilho está presente, o que fez na sombra é menos vezes referido. Tudo começou em 2012, quando fraturou o rádio. Depois de três meses de paragem, voltou ao ginásio e tudo parecia estar a correr bem. Mas um ano e meio depois começou a sentir dores com insistência.

 

«O osso tinha parado de crescer e a única opção era operar. Foi em 2014 e tinha uma grande decisão a tomar. A operação ia deixar-me cinco meses de fora e obrigava-me a terminar a época e a falhar os Mundiais. Juntamente com os meus pais, decidimos atrasar a operação», recorda.

 

O segundo capítulo chegou este ano. Em preparação para os Jogos Olímpicos, no final de fevereiro, sentiu a perna a estalar. Com os pais ao lado, ouviu o médico dizer que tinha fraturado a tíbia.

 

«Foi um soco no estômago. Acho que chorámos os três», confessa o pai, Thomas.

 

Recompensa merecida

Madison Kocian

Kocian só estava preocupada em saber quanto tempo tinha de parar até poder voltar ao ginásio. E quando o conseguiu, não quis deixar nada por alcançar. Afinal, a competição para fazer parte da seleção norte-americana era feroz.

 

A recompensa chegou em julho. «Quando o meu nome foi anunciado comecei imediatamente a chorar, lembrei-me de todo o trabalho e lesões. Os problemas físicos apenas me fizeram desejar mais, acho que foi isso que me tornou mais forte.»

 

É que sem a ginástica, Madison Kocian não imagina grande futuro. «Se não fosse atleta, andaria tão aborrecida. Mesmo quando tenho uns dias de descanso do ginásio, tenho sempre de fazer alguma coisa», confessa a atleta que não esconde o desejo de poder vir a trabalhar com crianças.

 

Influência de Liukin

 

A ginasta evoluiu na World Olympic Gymnastics Academy, um ginásio de Valeri Liukin que formou talentos como Carly Patterson e Nastia Liukin. A segunda venceu cinco medalhas em Pequim-2008 e serviu de grande inspiração para Madison.

 

«Via-a a treinar antes de 2008, sempre de forma tão árdua, todos os dias. Era muito fixe quando tirava um tempo para me dar conselhos. Ela era fantástica nas paralelas e eu queria ter o mesmo sucesso. Agora manda-me mensagens com frequência para saber como é que estou ou para me confortar numa fase mais difícil», afirma.

 

A outra grande influência em Madison é a religião. A importância que lhe dá está bem patente quando explica o que costuma fazer ao domingo: «Normalmente, acordo o mais tarde que puder, que costuma ser às nove da manhã. Depois faço o pequeno-almoço para os meus pais e vamos para a igreja. Se por acaso quisermos dormir mais, vamos à igreja no sábado à noite.»

 

Em viagem, a fé volta a estar em destaque: «Adora ver igrejas quando visito outros estados ou países. A fé uma parte muito importante da minha vida e adoro ver a arquitetura única e a forma como são decoradas.»

 

RPS