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É Desporto

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11 de Fevereiro, 2020

Ethelda Bleibtrey. A mulher dos recordes do mundo

Especial Jogos Olímpicos (Antuérpia-1920)

Rui Pedro Silva

Ethelda Bleibtrey

Nadou numa especialidade que não era a sua mas saiu de Antuérpia-1920 com três títulos olímpicos. A demonstração de superioridade foi tão grande que conseguiu bater recordes do mundo sempre que entrava na água.

A história de Ethelda tem muitos pontos de contacto com tantas outras crianças do início do século XX. Depois de ter tido poliomielite, foi-lhe recomendado que começasse a nadar durante o processo de recuperação. A paixão foi imediata e não precisou de mais de três anos de prática para entrar em Antuérpia com o objetivo de ganhar tudo o que havia para ganhar.

Ethelda Bleibtrey, então com 18 anos, sentia-se completamente à vontade dentro de água. Na verdade, até começou por se sentir demasiado confortável, como é prova o facto de ter sido detida após nadar numa piscina pública sem collants, como era exigido às mulheres na altura.

Do outro lado do Atlântico, na Bélgica, não teve de ultrapassar constrangimentos deste nível. As edições dos Jogos Olímpicos ainda não eram alvo de muitas participações femininas mas Ethelda, natural de Nova Iorque, não teve problemas em assumir-se como um dos principais destaques.

Especialista a nadar bruços, foi nas provas de estilo livre que fez a diferença, mais não seja por ser a única especialidade existente na versão feminina. Os 100 metros foram o primeiro desafio de Ethelda e a marca de 1:16.2 da australiana Fanny Durack teve uma dura…ção muito curta. Na primeira vez que foi para a água, na terceira série das meias-finais, Ethelda roubou praticamente dois segundos à melhor marca mundial (1:14.4).

Era apenas o começo. Dois dias depois, na final, Ethelda Bleibtrey mostrou que estava várias braçadas à frente de toda a concorrência e estabeleceu novo recorde mundial (1:13.6), com uma vantagem de 3,4 segundos sobre a compatriota Irene Guest, que ficou com a medalha de prata.

Os 300 metros foram a segunda fase do seu plano de domínio. Uma vez mais, o recorde pertencia a Fanny Durack (4:56.2), uma vez mais foi estilhaçado em instantes. Primeiro, na meia-final, baixou praticamente 15 segundos (!), com uma marca de 4:41.4. Depois, na final, ganha com mais de oito segundos de vantagem sobre a também norte-americana Margaret Woodbridge, bateu a sua própria marca por 7,4 segundos.

A prova da estafeta dos 4x100 marcou a despedida de Ethelda Bleibtrey, naquele que foi um final perfeito… e com o quinto recorde mundial batido em cerca de uma semana. Na final, a equipa que também contava com Woodbridge, Guest e Frances Schroth estabeleceu uma marca de 5:11.6. Não só terminou com uns impressionantes 29,2 segundos de vantagem sobre a equipa britânica, como roubou 41,2 segundos ao anterior recorde mundial.

Antes de Spitz, Phelps, Franklin ou Ledecky, houve Ethelda Bleibtrey. E foi sensacional.