Emma Twigg. Parar para pensar abriu caminho ao ouro
«Não consigo acreditar, a sério que não. Foi com descrença que cruzei a linha de meta. Aliás, nem sequer ouvi a sirene e por um minuto ainda pensei que tinha parado antes de chegar ao fim. Estou sem palavras», reagiu Emma Twigg depois do tão ansiado ouro.
A remadora da Nova Zelândia, 34 anos, tem um historial de ficar à porta sem conseguir ganhar. Pior: não consegue sequer alcançar o pódio nos Jogos Olímpicos. Na estreia, em Pequim, não foi além do nono lugar e em Londres e no Rio de Janeiro ficou mesmo à porta das medalhas, sempre no quarto lugar na prova feminina de skiff.
No remo desde os 14 anos, Twigg tinha dedicado mais de 15 a uma modalidade que estava a ser pouco simpática para ela. E não apenas em Jogos Olímpicos: «Odiei a primeira semana quando comecei. O meu pai encorajou-me a continuar porque era treinador. Se não tivesse sido por ele, talvez tivesse desistido depois do segundo dia. É um desporto que demora a entranhar-se».
Quando se entranhou, não houve volta a dar, mas a ausência de resultados levou Emma Twigg a tomar uma decisão drástica após o Rio de Janeiro: a despedida. Um ano depois, em 2017, estava a trabalhar no Comité Olímpico Internacional, em Lausanne (Suíça), mas no início de 2019 já estava de regresso.
«O tempo que estive afastada da modalidade fez-me ganhar uma nova perspetiva e entender que é um verdadeiro privilégio estar na elite do remo a competir contra as melhores. Quero aproveitar enquanto posso na esperança de poder inspirar quem vier a seguir», afirmou.
Na final de Tóquio, todas vieram a seguir. Emma Twigg cruzou a meta na primeira posição e a nova perspetiva que adquiriu foi qualquer coisa de especial. «Acho que vou demorar a assimilar o que aconteceu», disse, mostrando satisfação com o pormenor de os Jogos terem sido adiados por um ano. Não só permitiu que tivesse mais um ano de preparação como teve a possibilidade de partilhar a glória com o treinador. «Se tivesse sido há um ano, provavelmente ele não estaria aqui por causa de um acidente de viação. Acho que foi o destino. É uma sensação incrível», afirmou.