Ellen MacArthur. A mulher que bateu o recorde da volta ao mundo
Cristóvão Colombo descobriu o continente americano a 12 de outubro de 1492. Seis anos depois, Vasco da Gama esqueceu o Mediterrâneo e chegou à Índia após contornar África. Em 1500, Pedro Álvares Cabral desembarcou no Brasil e, com praticamente tudo descoberto, Fernão de Magalhães tornou-se o primeiro navegador a dar a volta ao mundo, num percurso que durou três anos (entre 1519 e 1522).
O mote estava lançado. Se nessa altura, a aventura marítima servia sobretudo para perceber o que estava para lá dos limites do horizonte, nos últimos anos tornou-se em iniciativas que visam estabelecer novas marcas que signifiquem recordes.
Há várias formas de dar a volta ao mundo. Existe uma rota em direcção ao Este e outra rumo ao Oeste – mais difícil por causa dos ventos. Depois, há um conjunto de pormenores que podem alterar a forma de serem vistos, tendo em conta o tipo de embarcações e o número de tripulantes.
Feito o preâmbulo, Ellen MacArthur fez história a 7 de fevereiro de 2005, tornando-se a primeira mulher a bater o recorde da volta ao mundo. A velejadora britânica cumpriu o percurso sozinha num trimarã, chegando à costa francesa 71 dias, 14 horas, 18 minutos e 33 segundos depois de ter arrancado.
A marca bateu a do francês Francis Joyon, alcançada em 2004, de 72 dias, 22 horas, 54 minutos e 22 segundos. Ou seja, com uma diferença superior a um dia. «Houve momentos que foram terrivelmente difíceis. Nunca tive de ir tão fundo na minha vida. Mas é fantástico estar aqui agora no final», explicou a então velejadora de 28 anos.
Com períodos de sono que raramente ultrapassavam os vinte minutos, MacArthur confessou ter chegado ao fim da aventura «completamente esgotada». Pelo caminho, enfrentou icebergues, quase teve um confronto direto com uma baleia, sofreu vários escaldões e foi obrigada a ultrapassar inúmeros problemas técnicos.
«O Francis [Joyon] tinha dito que o recorde era possível mas não pensei que fosse capaz de o conseguir com esta marca. Quando cruzei a meta, senti que tinha colapsado no chão e adormecido. Sentia-me nas nuvens», continuou.
O feito de Ellen MacArthur mereceu elogios de todos os quadrantes, inclusive da rainha de Inglaterra. «O seu progresso foi seguido por muita gente na Grã-Bretanha e em todo o mundo, que ficaram impressionadas pela coragem, capacidade e ritmo», afirmou, numa mensagem endereçada à recordista que se tornou na mais nova mulher a ser condecorada com o título de Dame.
Três anos depois, a marca de MacArthur foi batida por Francis Joyon, mas ninguém tira a história a MacArthur. Foi apenas a segunda pessoa a conseguir cumprir uma volta ao mundo sozinha e sem assistência. Desde então, com o natural progresso das embarcações e da tecnologia, o recorde tem sido a ser reduzido significativamente. Em 2017, nas mesmas condições, o francês François Gabart cumpriu a distância em 42 dias, 16 horas, 40 minutos e 35 segundos. Demorou praticamente menos um mês.