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É Desporto

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17 de Maio, 2019

Elena Danilova. A goleadora precoce em fases finais

Rui Pedro Silva

Elena Danilova em 2005

Tinha 16 anos e 107 dias quando marcou à Alemanha, futura campeã mundial, a 2 de outubro de 2003, em Portland. O golo nos quartos-de-final serviu de pouco (as germânicas venciam 4-0 e estavam a caminho da maior goleada da prova – 7-1) mas permitiu à adolescente entrar na história: nunca alguém tão novo tinha marcado num Mundial de futebol feminino.

 

Quando Elena nasceu a 17 de junho de 1987, ainda havia União Soviética e a FIFA estava apenas a pensar em organuzar oficialmente um Mundial de futebol feminino. Os planos para a edição inaugural já estavam em andamento, com a preparação de um teste na China em 1988, mas João Havelange, Sepp Blatter e restantes estavam longe de imaginar o sucesso que a prova alcançaria.

 

Em 2003, disputava-se a quarta fase final da história e, pela segunda vez, a Rússia tinha garantido o apuramento. Com um sorteio amigável, terminou o grupo D na segunda posição, atrás da China mas naturalmente à frente do Gana e da Austrália, duas equipas historicamente mais vulneráveis.

 

Elena Danilova tinha sido convocada para a fase final mas assistiu aos três jogos (2-1 vs. Austrália, 3-0 vs. Gana e 0-1 vs. China) do banco de suplentes, sem nunca merecer a confiança do selecionador Yuri Bistritskiy.

 

Nos quartos-de-final, a adversária era a Alemanha. A equipa de Prinz e companhia era uma das maiores favoritas à conquista da prova e a Rússia não tinha argumentos. Apesar de ser um encontro da fase a eliminar, o 7-1 final foi uma das duas maiores goleadas da prova, a par com o Noruega-Coreia do Sul (também 7-1), na fase de grupos.

 

A experiência germânica assustava. Além de Birgit Prinz havia também, por exemplo, Bettina Wiegmann, a alemã que esteve na fase final de 1991, numa altura em que Elena tinha apenas quatro anos.

 

A diferença de valores era enorme mas ao intervalo a Alemanha ainda só vencia por 1-0, com um golo de Mueller aos 25 minutos. Bistritskiy não estava satisfeito e, depois de ter lançado Denchtchik no lugar de Svetlitskaya aos 34 minutos, optou por estrear Danilova ao intervalo, substituindo Letyushova.

 

Elena Danilova não fez história assim que entrou. Com 16 anos e 107 dias, não conseguiu ser a mais nova de sempre a jogar numa fase final: essa distinção pertencia à nigeriana Ifeanyi Chiejine (16 anos e 34 dias) desde um Nigéria-Coreia do Norte a 20 de junho de 1999. Mas a história estava à sua espera.

 

A Rússia não teria hipóteses: a Alemanha marcou novamente aos 57’, 60’ e 62’, acabando de vez com a incerteza no vencedor do encontro, mas Danilova coroou a sua estreia com um golo aos 70 minutos e tornou-se, numa marca que mantém até hoje, a jogadora mais jovem da história a marcar numa fase final de um Mundial de futebol feminino.

 

O 7-1 final não apagou o brilho do momento de Danilova. Sem grande tradição no futebol feminino, a Rússia não mais voltou a participar numa fase final, por isso aquele golo continua a ser até hoje o último da seleção numa fase final.

 

O talento precoce de Danilova foi confirmado nos anos seguintes. Em 2005, conduziu a Rússia ao título europeu de sub-19 numa prova em que juntou o troféu de melhor jogadora ao de melhor marcadora, com nove golos. Coletivamente, no entanto, o sucesso pela seleção acabou aí.

 

Com 12 golos em 34 jogos pela seleção principal, Danilova não conseguiu contribuir para que a Rússia voltasse a marcar presença numa fase final.