Perder a bolsa universitária por ter conta no YouTube
Estudava Marketing, era o kicker da equipa universitária dos UCF Knights e alimentava uma conta no YouTube com mais de 50 mil subscritores. O dinheiro que fazia com a publicidade foi o motivo para que a universidade o declarasse inelegível e anulasse a bolsa. Agora está a pedir dinheiro num site de angariação de fundos.
Sensação do YouTube
Nasceu na Costa Rica mas foi viver para a Florida ainda em pequeno. A família vive com dificuldades mas Donald conseguiu encontrar um rumo promissor, graças à bolsa que a University of Central Florida lhe deu para jogar futebol americano nos Knights.
De La Haye não obedece ao estereótipo que se tem do jogador universitário com bolsa. Interessado nos estudos, persegue a licenciatura em Marketing e começou a ter sucesso também no YouTube, onde através da conta Deestroying, nome pelo qual também é conhecido no Twitter, dá asas a outra paixão: a edição de vídeo.
A lógica é sempre a mesma: pensa, cria e executa vídeos em que explica como é ser estudante-atleta nos Estados Unidos. Com o passar do tempo – cumpriu recentemente a segunda época na equipa – foi ficando cada vez mais famoso e chegou a junho com cerca de 50 mil subscritores e mais de dois milhões de visualizações.
A fama foi também o princípio do fim. A 12 de junho, num vídeo, Donald explicou o que se estava a passar pela primeira vez: «Há pessoas lá em cima que não estão satisfeitas com os meus vídeos e sentem que estou a violar as regras da NCAA. Acho que não posso fazer vídeos em que pareça óbvio que sou um estudante-atleta, porque dá a entender que estou a vender a minha imagem para fazer dinheiro.»
As regras da NCAA são claras, apesar de permitirem exceções, analisando cada caso individualmente. Seja como for, a lógica é sempre a mesma: um jogador universitário que esteja a beneficiar de uma bolsa não pode arranjar outra forma de rendimento.
O trabalho sem o proveito
Donald sentiu que a lógica era injusta. «Basicamente, não estou autorizado a fazer dinheiro através dos meus vídeos do YouTube. Estou a trabalhar arduamente, praticamente como se tivesse um trabalho, a filmar, a editar, a ter novas ideias, a fazer coisas diferentes. Mas não estou autorizado a fazer dinheiro. Se fizer, coisas más vão acontecer.»
Por coisas más entenda-se pôr a elegibilidade na NCAA em risco. O costa-riquenho sentiu que o estavam a obrigar a escolher entre paixões: «Tenho decisões para tomar e não me resta assim tanto tempo.»
Em comunicado, a universidade da Florida reforçou o compromisso do departamento de desporto com as regras: «O nosso staff garante que todos os jogadores conheçam as regras pertinentes da NCAA e os estudantes-atletas têm reuniões frequentes para se inteirarem dos contornos da elegibilidade. Um dos nossos objetivos é ajudar os estudantes-atletas a aprenderem as regras para que se mantenham elegíveis.»
A situação arrasou Donald De La Haye. «É muito duro. Não estou a fazer nada errado. Não estou a fazer dinheiro ilegalmente, não estou a vender droga, a raptar ou a assaltar gente. Não estou a vender autógrafos. Não ando aqui com produtos da Nike ou de outras marcas. Estou, literalmente, a filmar coisas. A editar vídeos durante horas no computador e a desenvolver a minha marca. Estou a ter o trabalho todo e impedem-me de tirar benefícios do meu esforço.»
Foi também nesta altura que Donald deu uma outra motivação para fazer o que faz: a família. «Está em dificuldades. Há muita gente a viver na mesma casa. São muitas contas para pagar e achei que tinha encontrado uma forma», explicou.
O início do fim
Entre 12 de junho e 31 de julho a situação tornou-se cada vez mais mediática e os números ajudam a prová-lo. De 50 mil, a conta no YouTube passou para mais de 120 mil subscritores. Os dois milhões de visualizações mais do que duplicaram e já ultrapassaram os cinco milhões.
Mas a fama não lhe valeu de muito, uma vez que acabou mesmo por ser declarado inelegível pela própria universidade. A instituição ainda pediu um regime de exceção à NCAA, mas as condições impostas pela organização não agradaram a Donald.
O jogador podia manter a sua elegibilidade e continuar a fazer dinheiro com os vídeos desde que não fizesse referência ao seu estatuto de estudante-atleta ou mostrasse as suas aptidões desportivas no futebol americano. Ou, em alternativa, poderia fazer tudo o que quisesse na conta desde que não fizesse dinheiro com isso.
«Recusei por entender que eram injustas», explicou no vídeo de 1 de agosto. «Pode parecer que não estou incomodado mas não há dúvida de que estou despedaçado por dentro. Nunca pensei que chegasse a este ponto», lamentou.
O futuro como incógnita
Donald não sabe como será a sua vida a partir de agora. No Twitter, lamentou que lhe tivessem dado dois dias para abandonar o campus e, ao mesmo tempo, lançou uma campanha de angariação de fundos para poder pagar as propinas.
A descrição e simples: «A NCAA arruinou, possivelmente, o meu futuro por causa de uns míseros dólares. Declararam-me inelegível porque fazia dinheiro com vídeos no YouTube, por isso a minha bolsa perdeu o efeito. Sim, fazia dinheiro com os vídeos, mas longe de conseguir pagar a universidade. Quero continuar a seguir a minha paixão de edição de vídeo e também o curso de marketing mas já não tenho o dinheiro necessário. Não gosto de pedir cisas mas isto é importante: até um dólar ajuda».
O objetivo é angariar 30 mil dólares e, para já, tem 8175.
RPS