Distria Krasniqi. O judo é mesmo a praia do Kosovo
Catarina Costa fez Portugal acreditar numa medalha na categoria de -48 quilos do judo feminino mas não estava destinado. O mesmo não se pode dizer de Distria Krasniqi e do Kosovo. A atleta de 25 anos confirmou o estatuto e seguiu imparável até à medalha de ouro, escrevendo mais uma página dourada na curta história de um país que sofreu durante anos.
A história de Distria Krasniqi começa a escrever-se com uma das figuras que mais aprecia e que idolatra. Há cinco anos, Majlinda Kelmendi conseguiu o primeiro título olímpico na história do Kosovo e deixou uma mensagem que ecoou por todo o território: «Provei que podemos ser campeões olímpicos se quisermos, mesmo vindo de um país pequeno e pobre».
A edição do Rio de Janeiro marcou a estreia do Kosovo em Jogos Olímpicos. Teve oito atletas e saiu com a medalha de ouro de Kelmendi no judo. Dois anos depois, teve uma participação no esqui alpino nos Jogos Olímpicos de Inverno e agora, em Tóquio, surge com uma comitiva ainda maior – 11 participantes.
O primeiro dia não podia ter sido melhor. Distria Krasniqi dominou a categoria de -48 quilos e passou por adversárias do Brasil, Taiwan, Mongólia e Japão até garantir o lugar mais alto do pódio. O Kosovo pode não ser banhado pelo Adriático mas as kosovares parecem estar a fazer do judo a sua praia.
Krasniqi viajou para Tóquio com o estatuto de campeã europeia em Lisboa e com uma derrota no jogo de atribuição da medalha de bronze no Mundial de Budapeste e, perante o maior palco possível, não vacilou. No judo desde 2002, com sete anos, seguiu o conselho do irmão mais velho para praticar a modalidade e agora validou a profecia de Kelmendi.
A judoca kosovar queria vencer uma medalha em Tóquio e agora sai de lá com o mais alto dos reconhecimentos. As raízes deram origem a uma planta que está a dar cada vez mais frutos. E não devem ficar por aqui.