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É Desporto

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06 de Fevereiro, 2022

Claudia Pechstein. O elixir olímpico da juventude

Rui Pedro Silva

Claudia Pechstein

Irene Schouten venceu a medalha de ouro na prova de 3000 metros na patinagem de velocidade. A neerlandesa levou a melhor sobre a italiana Francesca Lollobrigida e subiu ao lugar mais alto do pódio para saborear o doce sabor do ouro olímpico, pela primeira vez, aos 29 anos.

A neerlandesa bateu toda a concorrência. Não conseguiu bater o recorde mundial de Martina Sablikova, que foi quarta na prova, mas tirou tempo ao recorde olímpico estabelecido por Claudia Pechstein a 10 de fevereiro de 2002, em Salt Lake City.

Vinte anos depois, Irene demonstrou que os recordes são mesmo para ser batidos, mas o mais insólito é que Claudia Pechstein foi adversária de Schouten nesta competição, terminando no 20.º lugar, com mais de 20 segundos de atraso.

A carreira de Claudia Pechstein fala por si e não é apenas impressionante perceber que tinha o recorde olímpico desde 2002. Quando Irene Schouten nasceu, a 21 de junho de 1992, já a sua adversária germânica tinha experiência - e uma medalha - em eventos olímpicos.

Esqueçamos a campeã e concentremo-nos naquela que terminou na última posição. Claudia Pechstein vai fazer 50 anos este mês (nasceu a 22 de fevereiro de 1972) e tem feito da patinagem de velocidade a sua verdadeira casa.

Estreou-se nos Jogos de Albertville em 1992, com um terceiro lugar nos 5000 metros, e desde então também conseguiu subir ao pódio em Lillehammer-1994, Nagano-1998, Salt Lake City-2002 e Turim-2006.

Durante este período de 14 anos, venceu cinco medalhas de ouro, duas de prata e duas de bronze. Depois, como seria expectável, começou a perder energia para competir com as atletas mais jovens. Em 2010 nem sequer teve a oportunidade de competir em Vancouver por estar a cumprir uma suspensão de dois anos por doping.

Em 2014, já com 41 anos, ficou à porta das medalhas com um quarto lugar nos 3000 metros e um quinto nos 5000 metros e há quatro anos, em PyeongChang somou um sexto, um oitavo, um nono e um 13.º

O fim da carreira será uma inevitabilidade mas só depois de bater dois recordes em Pequim: o de mulher mais velha na história da modalidade e o de única atleta a participar em oito edições diferentes - que poderiam ser nove não fosse a suspensão que impediu a presença em Vancouver.

Claudia Pechstein é mesmo tão velha, tão velha, tão velha que foi campeã germânica dos 3000 metros e dos 5000 metros este ano ao derrotar, entre outras, a adolescente Victoria Stirnemann (bronze nas duas distâncias). E quem é Victoria? A filha da grande rival de Claudia Pechstein nas edições de Lillehammer-1994 e Nagano-1998.

Na altura, tanto na Noruega como no Japão, Pechstein subiu ao lugar mais alto do pódio nos 5000 metros depois de bater Gunda Niemann-Stirnemann, que foi medalha de prata nas duas provas.