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É Desporto

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25 de Abril, 2019

China-1988. O embrião para o primeiro Mundial

Rui Pedro Silva

Noruega venceu a final

O futebol era jogado cada vez mais em todos os cantos do mundo (vamos ignorar por agora a referência ao mundo plano ao invés de um redondo) e as mulheres estavam cansadas de ficar na sombra das grandes provas masculinas.

 

O preconceito tinha começado a ser derrubado, com o fim da proibição em Inglaterra (1971), o aparecimento de uma equipa feminina nos Estados Unidos (1985), e a criação de provas internacionais, como os Mundiais não-oficiais de 1970 e 1971 ou os Mundialitos, dera um sinal claro ao mundo do futebol que não era possível continuar a ignorar a componente feminina.

 

Com base neste pretexto, uma norueguesa, Ellen Wille, deu o mote na cimeira da FIFA em 1986. Mais do que fazer história por ser a primeira mulher a falar num evento destes, serviu também como um enorme acordar de consciências. «Subi ao palco e realcei que o futebol feminino nunca tinha sido mencionado em linha nenhuma dos documentos da FIFA. Também disse que estava mais do que na altura de as mulheres terem o seu próprio Mundial e a possibilidade de participar no torneio olímpico», disse.

 

A plateia, esmagadoramente masculina, ignorou-a. Mas João Havelange, o presidente, foi sensível ao tema e sentiu que estava na altura, por isso mandatou o seu secretário-geral, Sepp Blatter, para encontrar uma fórmula que corrigisse este abandono. «Quando Havelange me disse que o problema era meu, eu resolvi-o», recordou o suíço.

 

Encontro marcado para a China

 

Blatter teve dois anos para preparar o embrião que daria origem ao primeiro Mundial oficial. Na China, em 1988, entre 1 e 12 de junho, doze seleções lutaram pelo primeiro lugar: a UEFA surgiu em destaque, com Holanda, Noruega, Suécia e Checoslováquia, seguida da AFC, com China, Tailândia e Japão.

 

O objetivo era o de inclusão por isso todas as confederações foram chamadas para a prova: o Brasil da CONMEBOL, a Austrália da OFC, a Costa do Marfim da CAF e, por fim, o Canadá e os Estados Unidos da CONCACAF.

 

O público chinês correspondeu e logo no primeiro jogo deu o mote para as boas assistências, com uma lotação de 45 mil no primeiro jogo, entra a China e o Canadá. A tendência continuou durante todos os jogos da prova, até à final, ganha pela Noruega contra a vizinha Suécia, graças a um golo de Linda Medalen.

 

O sucesso da organização, a resposta do público e o interesse gerado pelas próprias seleções não deixaram margem para dúvida: logo nesse mês a FIFA validou a utilidade de uma prova e definiu que o primeiro Mundial feminino da história seria disputado na China, três anos depois. Era apenas o início de uma história de sucesso.