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É Desporto

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29 de Julho, 2017

Caeleb Dressel. Dois títulos mundiais em 34 minutos

Rui Pedro Silva

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Norte-americano de 20 anos começou a sessão do dia nos Mundiais de Budapeste a vencer os 50 metros livres. Pouco mais de meia hora depois, voltou à água para vencer os 100 metros mariposa. Não satisfeito, passada cerca de uma hora, aumentou o nível com um terceiro título nas estafetas. Próximo passo é igualar o recorde de Phelps.  

 

Nadar, ganhar, repetir…

 

A natação não é para velhos, sobretudo nos Estados Unidos. A cada ano, aparecem novos talentos, predadores como tubarões, a roubar os lugares na ribalta a quem já lá está. Não é por acaso que as provas de qualificação norte-americanas para as grandes provas são, muitas vezes, mais competitivas do que os próprios Mundiais ou Jogos Olímpicos.

 

A comitiva dos Estados Unidos em Budapeste tem em Matt Grevers o «avô». Aos 32 anos, o nadador do Ilinóis especializou-se no estilo de costas. Entre Pequim e Londres conquistou quatro títulos olímpicos e cruzou-se com muitas vedetas. Hoje, em Budapeste, percebeu exatamente o que estava a acontecer: «É fantástico assistir ao nascimento de uma estrela».

 

A estrela chama-se Caeleb Dressel. Tem vinte anos – vai estar autorizado legalmente a beber nos Estados Unidos a partir de 16 de agosto – e chegou à Hungria para participar no seu primeiro Mundial. Menos de uma semana depois, já não há quem não o conheça.

 

Com seis títulos, está a apenas um de igualar o recorde de Michael Phelps, que poderá chegar com a prova dos 4x100 metros estilos no domingo. Mas, mais do que a quantidade, Dressel impressionou pela forma como conseguiu conquistar dois títulos mundiais num espaço de 34 minutos.

 

«Não há acidentes no desporto»

 

Caeleb Dressel venceu os 50 metros livres às 16h39 e às 17h13 estava a festejar o triunfo nos 100 metros mariposa, depois de derrotar, entre outros, a coqueluche de Singapura, Joseph Schooling, que havia feito história no Rio de Janeiro ao bater Michael Phelps.

 

O americano não se limitou a ganhar, também arranhou a história. Nos 100 metros mariposa tornou-se o primeiro a baixar do segundo 50 (49,86) desde que os fatos de poliuretano foram banidos há oito anos. A marca deixou-o a apenas quatro centésimos do recorde mundial de Phelps.

 

«Aquilo foi fenomenal», comentou Schooling. «Não há palavras para descrever a sua rapidez. Tinha acabado de nadar os 50 metros livres e tinha feito uma data de provas antes. Só torna tudo mais impressionante», continuou.

 

Para Dressel, «não há acidentes no desporto». «Estou a ser escrutinado pelo treino que fiz. Sabia que tinha de trazer o melhor de mim, não foi um acidente o que aconteceu. Estava pronto para isto», assegurou.

 

Quando falou, Dressel já tinha a terceira medalha de ouro do dia ao pescoço. Foi outro recorde: ganhar três títulos numa sessão de um Mundial. A cereja no topo do bolo chegou com a estafeta mista dos 4x100 metros livres. «Bem, aquilo foi muito divertido. Queria muito ser o primeiro a nadar, mesmo que isso me roubasse tempo de descanso».

 

Recorde de Phelps ao alcance

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A sétima medalha de ouro está a um dia de chegar. Se o conseguir, nos 4x100 metros estilos, vai igualar o recorde de Phelps, alcançado em Melbourne-2007. O nadador é o primeiro a lembrar que a situação é muito diferente.

 

«Tenho as estafetas mistas a ajudar-me, por isso acho diferente. Só quero continuar a fazer o que me compete, não quero ser comparado com o Michael», pediu. A introdução das estafetas mistas nesta edição está a favorecê-lo: antes do título nessa categoria dos 4x100 livres também já o tinha conseguido nos 4x100 estilos.

 

A preparação também é muito mais complexa: «É um desafio físico e muito cansativo emocionalmente. Não podemos ficar muito presos a uma prova. Temos de encarar uma de cada vez, aproveitar o momento e depois recuperar a concentração para partir para outra muito rapidamente».

 

A meta está próxima. «Faltam duas voltas», brinca, aludindo aos 100 metros que ainda tem para nadar nas estafetas dos 4x100 estilos de domingo. Nada mau para quem chegou a desistir da natação após o secundário.

 

«Nem sequer andava a pensar em nadar durante esse período. Nesses seis meses nem toquei em água. Nem pensava em tocar em água». Agora está a pouco menos de um minuto de tocar na glória.

RPS