Bianca Andreescu. A sensação de Auckland
Tenista canadiana de origem romena tem apenas 18 anos e está a surpreender o mundo do ténis na Nova Zelândia. Depois de ultrapassar Caroline Wozniacki, a primeira cabeça-de-série em Auckland, fez o mesmo a Venus Williams. Agora, o céu parece ser o limite.
O nome não engana. Apesar de ser canadiana, Bianca tem origem romena e nasceu um dia antes de Costinha ter saído do banco para resolver o Portugal-Roménia do Euro-2000 no último minuto (16 de junho).
Sim, Bianca tem apenas 18 anos. Nunca foi além do 143.º lugar no ranking WTA (14 de agosto de 2017) e atualmente ocupa o 152.º posto. Mas não por muito tempo. Na Nova Zelândia, em Auckland, a adolescente saiu diretamente da qualificação, onde era apenas a quinta cabeça-de-série, para o estrelato.
Primeiro, eliminou Timea Babos. Depois, a fasquia aumentou mas não foi o suficiente para intimidar a jovem canadiana. Caroline Wozniacki, número três mundial, era a grande candidata mas não conseguiu sequer vencer um set, acabando eliminada com um duplo 6-4. Muitas vezes, estas revelações deixam-se levar pelas emoções e vacilam na ronda seguinte. Bianca Andreescu não. Contra Venus Williams, a tenista não só garantiu um lugar nas meias-finais como fê-lo depois de ter perdido o primeiro set.
Su-Wi Hsieh é a próxima adversária mas aconteça o que acontecer, Bianca Andreescu já garantiu 110 pontos para o ranking WTA e uma módica soma de 11300 dólares. Na próxima segunda-feira, no mínimo, estará na melhor posição de sempre e à beira do top-100.
Crescer no ténis com os olhos em Halep
O ténis não foi uma escolha instintiva. Quando começou a praticar desporto, as atenções de Bianca estiveram divididas. Passou pelo futebol e pela natação, pela ginástica e pela patinagem antes de se decidir pelos courts.
A sua vida sempre foi impulsionada por mudanças de ares. Com sete anos foi com a família para a Roménia, onde começou de facto a apostar no ténis, mas não muito tempo depois já estava de regresso ao Canadá. Simona Halep, uma romena, surgiu como uma inspiração - «gosto dela porque muita gente diz que temos estilos parecidos. E adoro a determinação como joga. Gostava de moldar o meu jogo com base nela» - mas, por viver no Canadá, começou a ser vista como alguém que poderia seguir as pisadas de Eugenie Bouchard.
Em 2015, ainda com 14 anos, a sua progressão era irrefutável. Tornou-se a tenista mais jovem de sempre no top-60 do ranking júnior (14 anos e 11 meses) e assumia-se como alguém «concentrada e otimista» dentro e fora do court. «Melhorei muito a minha força mental e física este ano», dizia.
A tendência manteve-se de ano para ano. O trabalho com a treinadora Nathalie Tauziat também deu frutos e um ano depois, em 2016, chegou ao quarto lugar do ranking. «É uma tenista muito boa», dizia Tauziat. «Pode fazer muita coisa, tem boas bancadas e muita potência. Ainda só tem 15 anos mas está muito determinada no ténis. Tem grandes objetivos e está a fazer muito para os alcançar. É uma rapariga inteligente e espero que consiga.»
E conseguiu logo em 2017. Não venceu nenhum grand slam júnior em singulares (só dois em pares) mas tornou-se a primeira tenista a nascer depois de 1 de janeiro de 2000 a derrotar uma adversária do top-20, contra Kristina Mladenovic (13.ª) em Washington.
Foi também neste ano que conseguiu a única participação, até agora, no quadro principal de um grand slam (derrotada por Kristina Kucova na primeira ronda em Wimbledon) e foi eleita a melhor jogadora canadiana da época, interrompendo uma série de quatro prémios consecutivos para Eugenie Bouchard.
A evolução estagnou um pouco depois disso mas o desempenho em Auckland pode ser o empurrão que faltava para se começar a impor entre a elite do ténis feminino mundial.