Arnold Jackson. O vencedor da corrida mais épica da história
Especial Jogos Olímpicos (Estocolmo-1912)
O britânico foi um militar altamente condecorado na Grande Guerra (1914-1918) mas a primeira medalha foi ganha nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo. Campeão olímpico dos 1500 metros, foi o expoente máximo de uma prova que continua a ser considerada a melhor de sempre.
Lembra-se de uma corrida olímpica que tenha sido renhida? Mas assim mesmo renhida, entre muitos corredores, e na qual não tenha sido possível confirmar, a olho nu, a classificação? Se pensou na medalha de prata de Francis Obikwelu nos 100 metros em 2004, acertou. Era precisamente nessa que estávamos a pensar.
Atenas foi palco de uma corrida fantástica. O norte-americano Justin Gatlin sagrou-se campeão olímpico do hectómetro com um tempo de 9,85 segundos, mas os restantes atletas do pódio, Francis Obikwelu e Maurice Greene, registaram apenas mais um centésimo de segundo e tiveram de ser desempatados no photo-finish. Mais: o quarto classificado, o também norte-americano Shawn Crawford, ficou a apenas quatro centésimos de segundo da medalha de ouro.
Impressionante, não é? Sem dúvida, mas não podemos ignorar que numa era de grande profissionalismo e na corrida mais curta do programa olímpico, as diferenças sejam muito curtas, sobretudo se não houver alguém como Usain Bolt na pista.
Mas o que dizer de uma corrida igualmente equilibrada, salvas as devidas proporções, nos 1500 metros? Foi o que aconteceu nos Jogos Olímpicos de Estocolmo em 1912, edição em que a medalha de ouro foi para o britânico Arnold Jackson.
Diz-se, e com propriedade, que foi a melhor prova alguma vez corrida. E percebe-se porquê. A 10 de julho de 1912, Arnold Jackson conquistou a medalha de ouro com um tempo de três minutos, 56 segundos e oito décimos, fixando um novo recorde olímpico. Atrás de si, os norte-americanos Abel Kiviat e Norman Taber ficaram a apenas uma décima.
E ficou por aqui? Nem por isso. Ernst Wide, o sueco que corria com o apoio do público foi quinto classificado apesar de ter lutado pelo primeiro lugar até ao fim. Feitas as contas, terminou a oito décimos de Arnold Jackson.
Foram 1500 metros de corrida, praticamente quatro minutos em pista, e no final os primeiros cinco classificados ficaram separados por menos de um mísero segundo.
Arnold Jackson fez história a dobrar. O britânico foi também o último atleta da história a participar nos Jogos Olímpicos de forma individual. Representava a Grã-Bretanha, sim, mas não tinha sido selecionado para integrar a comitiva.