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É Desporto

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23 de Fevereiro, 2018

André Myhrer. Fazer história como "velho" aos 35 anos

Rui Pedro Silva

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O sueco tornou-se o atleta mais velho a ganhar uma medalha olímpica no slalom masculino, aos 35 anos e 42 dias. Para isso, aproveitou uma prova em que dos 106 que partiram, apenas 43 chegaram ao final da segunda manga. 

 
Contra todas as expectativas
 
Quando, às 10 da manhã desta quinta-feira, em PyeongChang, as conversas anteviam o início da prova de slalom masculino, um nome destacava-se dos outros. Marcel Hirscher preparava-se para ser o sexto homem a conseguir a dobradinha olímpica slalom-slalom gigante e alcançar as três medalhas de ouro no esqui alpino numa única edição dos jogos (a do slalom gigante e combinado alpino já as tinha no bolso), igualando o recorde de Jean-Claude Killy e de Janica Kostelic.
 
Era o grande favorito e tinha como principal rival Henrik Kristoffersen, segundo classificado no slalom gigante na Coreia do Sul e bronze no slalom, há quatro anos, em Sochi.
 
Mas a história do desporto nunca está escrita à partida. Para Marcel Hirscher, as esperanças desvaneceram-se logo na primeira manga: uma curva em falso e "Did Not Finish" para o austríaco. Foi um dos 54 atletas, em 106, para quem a pista não colaborou e que terminaram sem tempo na primeira manga da prova de slalom.
 
Kristoffersen, por sua vez, cumpriu as expectativas e terminou a primeira descida com uma vantagem confortável de 21 centésimos sobre André Myhrer, o trintão sueco que se estreou em Jogos Olímpicos em 2006, em Turim.
 
Tudo parecia sorrir ao norueguês, que seria último a partir na segunda manga e tinha a oportunidade de se tornar o segundo atleta do seu país a conquistar uma medalha no slalom e no slalom gigante na mesma edição de uns Jogos. No fundo da pista, Myhrer já tinha a prata assegurada.
 
«Estava nervoso, claro, mas ao mesmo tempo muito contente com a minha medalha de prata. Sabia que tinha a prata. E sabes que é slalom, tudo pode acontecer», afirmou o sueco no final da prova.
 
O tudo que pode acontecer, no caso, aconteceu: Kristoffersen falhou na parte inicial da pista e ficou fora da corrida. Myhrer, depois do bronze em Vancouver-2010 e de não terminar a prova há quatro anos, voltava a ter nas suas mãos uma medalha olímpica no slalom. Desta vez, a de ouro.
 
A «vantagem» de chegar ao fim
 

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Aos 35 anos, o sueco foi um dos 43 anos esquiadores que conseguiu completar as duas mangas - o português Arthur Hanse foi outro, terminando na 38.ª posição - e fê-lo com chave de ouro. «Acho que ganhar a medalha de ouro nuns Jogos Olímpicos, o que tem sido um objetivo durante toda a minha carreira, é uma coisa que não há muitos atletas a conseguir, e esta era a minha última oportunidade. É melhor do que tudo o resto.»

 
Consegui-lo foi um feito que agora lhe dará um lugar na história como o atleta mais velho a conquistar uma medalha olímpica no slalom masculino. «O velhote ficou com a medalha de ouro», disse o seu treinador, Heinz-Peter Platter.
 
«Ele teve uma oportunidade quando os dois esquiadores mais rápidos deste ano ficaram de fora, mas hoje foi o melhor. A este nível, no final de contas, tens de estar no topo a nível mental, e depois a sorte chega para te ajudar.»