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É Desporto

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17 de Janeiro, 2020

Alvin Kraenzlein. Um portento atlético com fair-play duvidoso

Especial Jogos Olímpicos (Paris-1900)

Rui Pedro Silva

Alvin Kraenzlein foi o primeiro grande barreirista da história

Se Atenas-1896 teve o alemão Carl Schuhmann, Paris-1900 ficou com o norte-americano Alvin Kraenzlein. O atleta que também representava a Universidade da Pensilvânia foi para casa com quatro títulos olímpicos (60 metros, 110 metros barreiras, 200 metros barreiras e salto em comprimento) e com… um nariz esmurrado.

Chegou aos Jogos Olímpicos de Paris com 23 anos e era considerado como um dos maiores talentos do atletismo. Nascido no Minnesota, passou os últimos anos do século XIX a somar títulos universitários numa rivalidade bastante acesa com Myer Prinstein. Porém, se o seu rival só conseguia fazer valer os seus atributos nas provas de saltos, Alvin dava cartas nas corridas, sobretudo com obstáculos.

Há quem lhe chame o pai da técnica moderna de superar barreiras, por culpa da forma como instituiu o gesto de atravessar o obstáculo com a perna esticada, ganhando tempo precioso rumo à meta.

A aventura triunfal na capital francesa foi tudo menos simples. A primeira vitória chegou nos 110 metros barreiras, superando a concorrência do compatriota John McLean por apenas uma décima de segundo. O tempo estabelecido (15,4 segundos) representou um novo recorde mundial.

Nos 60 metros, sem obstáculos, Kraenzlein voltou a deliciar a plateia e a estabelecer um tempo verdadeiramente impressionante: sete segundos redondos. Uma vez mais, recorde mundial. Na terceira e última corrida, os 200 metros barreiras, a supremacia foi mais evidente do que nunca, cumprindo a distância em 25,4 segundos, com mais de meio segundo de vantagem sobre Norman Pritchard, que corria com a bandeira da Índia.

O momento mais conturbado do seu tetra olímpico foi no salto em comprimento. O seu maior rival, Myer Prinstein, estava impedido de participar na final de domingo por motivos religiosos e, numa primeira instância, Alvin terá aceitado não entrar em ação nesse dia. Os tempos eram outros e os ensaios da qualificação iam ser contabilizados na classificação final.

Porém, quando chegou o dia decisivo, Alvin Kraenzlein roeu a corda e foi para a pista bater a marca que o adversário tinha feito na qualificação por apenas um centímetro. Os quatro títulos olímpicos eram seus… tal como era seu o destino do murro de um irado Myer Prinstein.

Os Jogos Olímpicos de Paris foram o último grande evento da carreira de Alvin Kraenzlein.