Allysa Seely. O adiamento que lhe valeu um ouro paralímpico
É norte-americana, nasceu em 1989 e parece estar destinada a ganhar. Há cinco anos no Rio de Janeiro, foi medalha de ouro no triatlo (PT2). Em Mundiais, soma títulos em 2015, 2016 e 2018, segundos lugares em 2017 e 2019 e um terceiro em 2012. Por isso, não seria de espantar que Seely fosse uma enorme favorita à vitória em Tóquio em 2020.
E acabou por ser, ganhando mais uma medalha de ouro, mas apenas porque uma série de fatores se conjugaram de forma (im)perfeita. Seely tem a perna esquerda amputada abaixo do joelho desde 2013 como resultado de uma malformação (Chiari II) com repercussões na espinhal medula. Os resultados do tratamento deterioram o estado do pé esquerdo e a amputação foi o resultado necessário.
Mas os problemas de Allysa Seely não terminam por aqui. A atleta que sofre de epilepsia por culpa do seu estado de saúde esteve muito perto de falhar os Jogos Paralímpicos de Tóquio, sobretudo se estes não tivessem sido adiados. Em janeiro de 2020, contraiu uma infeção na perna direita que obrigou a uma operação.
Depois de quatro semanas a andar de muletas, surgiu outra infeção que exigiu uma nova operação em março. Dia após dia, o tique-taque para Tóquio parecia cada vez mais sonoro. À segunda operação, Seely pediu ao médico para retirar os pontos mais cedo para permitir a participação nos eventos de qualificação para os Paralímpicos.
Seely ia correr um grande risco mas o evento foi cancelado na véspera. «Foi um grande momento, um momento aleluia. Voltei a treinar e em julho regressei à sala de urgências com uma infeção no sangue e com uma inflamação no coração, que só foi diagnosticada em outubro de 2020. Passei seis meses longe de casa, longe do treino, longe de me sentir eu mesma», queixou-se.
Allysa Seely voltou a treinar em fevereiro de 2021, mesmo com sintomas como febre, dores e alergias, mas nada a impediu de viajar até Tóquio e revalidar o título paralímpico. Estava escrito nas estrelas… só foi preciso sofrer um pouco. Sofrer muito, vá.