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É Desporto

É Desporto

25 de Julho, 2016

A pressão indesejada nos Jogos Olímpicos

Rui Pedro Silva

Podem os resultados positivos ser uma desvantagem para os atletas olímpicos no Rio de Janeiro? Depois de um mês em que Portugal sentiu que era uma potência desportiva, com títulos europeus no futebol, hóquei em patins e atletismo, como reagirão os portugueses se a transcendência não se prolongar durante duas semanas e meia no Brasil?  

 

A expetativa dos portugueses

Julho de 2016 tem tudo para ser considerado o melhor mês da história do desporto português. A conquista do Europeu de futebol em França surge como cabeça-de-cartaz mas os feitos dos atletas nacionais não se ficaram pela modalidade-rainha em Portugal.

No dia em que Eder entrou na história, a comitiva nacional nos Europeus de atletismo brilhou com os títulos de Patrícia Mamona e Sara Moreira. Em Amesterdão, Dulce Félix, Jessica Augusto e Tsanko Arnaudov também conquistaram medalhas e elevaram o sentimento de que tudo de bom estava a acontecer ao desporto português.

Uma semana depois, foi a vez de a seleção de hóquei em patins conquistar um título europeu que escapava desde 1998. Sobre rodas, não houve a mesma sensação de triunfo inédito (foi o 21.º da história) mas sim o derrubar de um teimoso jejum em que Portugal pareceu sempre subjugado à Espanha.

Os títulos acordaram Portugal. Presidente da República e Primeiro-Ministro desdobraram-se em felicitações e o país mais letárgico acordou para o desporto em força.

As vantagens são muitas mas o reverso da medalha pode acontecer nos Jogos Olímpicos. As últimas semanas aumentaram a confiança do adepto de ocasião e o passado demonstra que os portugueses nem sempre são compreensivos com os resultados alcançados no maior palco.

Julho garantiu um agosto com pressão muito maior para os 93 atletas portugueses. Se os lamentos de que o país só acorda de quatro em quatro anos para reclamar resultados já são frequentes, a onda de bons resultados em várias modalidades veio aumentar a pressão de resultados no Rio de Janeiro.

E se é verdade que Portugal pode conquistar medalhas em diversas modalidades (contra-relógio no ciclismo, taekwondo e canoagem são as minhas principais apostas), não deixa de ser ainda mais forte que a fasquia não pode ser essa para a esmagadora maioria dos atletas.

Diz-se que quanto maior é a subida, maior é a queda. Nas expetativas dos portugueses, o estrondo da queda poderá sentir-se nos atletas olímpicos.

Saibamos todos perceber as diferenças e as proporções. Será melhor para toda a gente.