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É Desporto

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05 de Dezembro, 2016

21 de setembro de 2001. O dia que abriu caminho para Tom Brady

Rui Pedro Silva

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O jogador dos New England Patriots fez história na NFL ao tornar-se o quarterback com mais vitórias de sempre: 201. Mas tudo começou com a grave lesão de Drew Bledsoe, a 21 de setembro de 2001.

 

 

E, de repente, tudo mudou

 

Drew Bledsoe foi a primeira escolha no draft de 1993. Os New England Patriots nunca tinham sido campeões, tinham apenas uma presença na Super Bowl (1985) e apostavam no quarterback de Washington State para conseguir dar o passo que faltava.

 

Não foi fácil. Não tiveram sucesso. Em fevereiro de 1997 ainda conseguiram regressar à final mas perderam (21-35) com os Green Bay Packers. Fosse de que modo fosse, Bledsoe continuava a ser a cara da equipa.

 

Quando Tom Brady chegou aos Patriots, em 2000, não passava de um jovem discreto. Tinha sido a 199.ª escolha do draft e poucos pensavam que pudesse ameaçar o lugar de Drew Bledsoe a curto prazo. Estreou-se logo nesse ano, mas apenas para tentar três passes – só um completo – em Detroit, numa derrota contra os Lions (9-34).

 

A placagem que mudou a história

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Tom Brady tinha começado a temporada de 2000 como quarto quarterback da equipa mas no fim da época já era a alternativa a Bledsoe. Em 2001, nada tinha mudado.

 

Na estreia, Drew Bledsoe foi o titular na derrota frente aos Bengals de Cincinnati (17-23). À segunda jornada, com os rivais de divisão New York Jets, tudo mudou quando o quarterback sofreu uma dura placagem de Mo Lewis junto à linha lateral.

 

«Não sabia quão séria era a lesão quando me atingiu», recordou Bledsoe mais tarde. De facto, o play-by-play do encontro demonstra que a pancada não foi forte o suficiente para o tirar imediatamente do campo, uma vez que só depois, já nos minutos finais, foi substituído por Brady.

 

Mas era grave. Muito grave, até, de acordo com uma peça da NFL Network em que cita alguém que garante que os médicos acharam que o jogador podia ter morrido.

 

«No hospital chegaram a pensar em abrir-me o peito para perceber o que estava errado», disse Bledsoe, que tinha várias hemorragias internas.

 

Viragem promovida por Belichick

 

Tom Brady foi titular no jogo seguinte e os Patriots venceram os Indianapolis Colts de Peyton Manning por 44-13. Não podia ter havido melhor estreia a titular para o jovem da Universidade do Michigan que sonhava em ter um lugar na história.

 

Ali, Brady tinha acabado de conseguir a primeira vitória de uma lista que chegou este domingo aos 201 triunfos, superando o recorde de 200 de… Peyton Manning.

 

Drew Bledsoe estava a recuperar. Meses antes até tinha assinado um contrato recorde de dez anos a valer mais de 100 milhões de dólares. Percebia-se que os Patriots confiavam nele. Mas alguma coisa tinha mudado. Na cabeça de Belichick, sempre obcecado com o bem coletivo, o lugar já era de Brady.

 

«O meu trabalho é tomar decisões em prol da equipa. É isso que vou fazer. É para isso que me pagam. É isso que vou fazer, pela equipa. E-q-u-i-p-a. Equipa!», dizia em conferência de imprensa, numa altura em que os jornalistas insistiam na possibilidade de um regresso de Bledsoe à titularidade.

 

Rumo à Super Bowl

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Com Tom Brady ao leme, os New England Patriots regressaram à Super Bowl logo nessa época. Depois de um 11-5 na fase regular – duas das derrotas foram com Bledsoe como titular -, a equipa do Massachusetts bateu os Raiders e os Steelers antes de derrotar os então St. Louis Rams na Super Bowl por 20-17.

 

O legado de Bledsoe tinha oficialmente terminado, o de Tom Brady estava apenas a começar, com novos títulos nas temporadas de 2003, 2004 e 2014, para além de duas outras finais perdidas (2007 e 2011).

 

«Há muito pouca lealdade na NFL: as coisas mudaram. Se alguém está no campo a fazer o teu trabalho, e a fazê-lo bem… tem cuidado. Mesmo lesionado, não podes sair do campo», disse Bledsoe já depois de ter sido trocado para os Buffalo Bills.

 

Por seu turno, Tom Brady percebeu que a situação não foi fácil. «Não sei o que faria nesta situação. Quanto estás de fora, quase não pareces da equipa. Parece que estás na bancada, que só estás ali a ocupar espaço.»

 

Agora, mais de 15 anos depois, Brady está a ocupar um grande espaço na história da NFL. E os ciclos parecem repetir-se, agora em Dallas. Tony Romo lesionou-se, o rookie Dak Prescott assumiu o comando e a equipa está com 11 vitórias em 12 jogos. Será?