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É Desporto

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29 de Junho, 2020

Ryoko Tamura. O último capítulo de uma história impressionante

Rui Pedro Silva

Ryoko Tamura

Judoca japonesa, considerada por muitos como a melhor de sempre, despediu-se dos tatamis olímpicos com a medalha de bronze na categoria de -48 quilos nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Para trás, ficou uma carreira combatida de forma brilhante.

Ryoko Tamura apresentou-se ao mundo com 16 anos, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. Era uma fiel desconhecida, ninguém sabia muito bem o que esperar, mas foi galgando ronda atrás de ronda até terminar com a medalha de prata.

O cartão de visita foi aumentando a cada ano. Depois de ser campeã mundial da mesma categoria (-48 quilos) em Hamilton-1993 e Chiba-1995, chegou a Atlanta com o estatuto de crónica favorita à medalha de ouro.

O problema? Apareceu outra jovem desconhecida a fazer história: desta feita a norte-coreana Sun-hui Kye. Novamente remetida à medalha de prata, Tamura nunca desistiu e manteve-se fiel, de forma bastante invulgar até, à mesma categoria de peso durante toda a carreira.

Os preparativos para os Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, trouxeram uma sensação de déjà vu, com os títulos mundiais em Paris-1997 e Birmingham-1999. Na Austrália, ostentando novamente o selo de favorita, Tamura venceu finalmente a medalha mais ansiada e conseguiu revalidá-la em Atenas-2004, já com 28 anos e depois de… acumular mais dois títulos mundiais.

Quis o destino que a carreira olímpica terminasse em Pequim, praticamente ali «ao lado de casa». Com mais um título mundial em 2007 (2005 foi o único ano desde 1993 em que não conseguiu ser campeã), Tamura era candidata às medalhas mas já não tinha a mesma aura de favoritismo de edições anteriores.

Ainda assim, o combate que a deixou fora da luta pela medalha de ouro foi controverso, depois de ter recebido uma penalização por falta de agressividade a escassos segundos do fim do duelo com Alina Dumitru. O bronze final, apesar de tudo, garantiu algo histórico: entre os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, e os de Pequim, em 2008, Tamura terminou sempre no pódio da mesma categoria, com duas medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze.

Foram 16 anos sempre ao mais alto nível de uma atleta que se estreou em Jogos Olímpicos com… 16 anos. O fechar de um ciclo perfeito. Ou quase, vá. Quando terminou a carreira em 2010, os registos não permitiam qualquer engano: Ryoko Tamura perdeu apenas cinco combates na carreira.